A partir dessa quarta-feira (8), a Fundação Hospitalar Santa Terezinha, de Erechim, terá restrição nos atendimentos de alta-complexidade. O hospital, que atende toda a região do Alto Uruguai pelo SUS, não receberá novos pacientes na área de oncologia, hemodiálise e traumatologia devido aos atrasos nos repasses estaduais, que somam mais de R$ 12 milhões. A dívida da instituição já chega aos R$ 16 milhões.
De acordo com a Fundação, os atrasos começaram em novembro de 2014, e o contrato com o governo do Estado venceu em outubro. Os principais afetados são os médicos, que estão com os salários atrasados, e o pagamento de fornecedores. Demais funcionários estão recebendo regularmente.
Para o diretor do hospital, Rafael Martins Ayub, a situação não chegou nesse ponto apenas por causa dos atrasos:
– Ficamos com esse déficit por vários motivos: porque a entidade produziu mais do que tinha em contrato com o governo; aumento nos salários de médicos; aumentos para funcionários com ganhos acima da inflação e acima do reajuste, devido a defasagem histórica; aumento de custo hospitalar; tabela SUS sem reajustes; e investimentos com recursos próprios. Recentemente inauguramos um centro cirúrgico com 10 leitos, e a nova UTI neonatal, também com 10 leitos – justifica.
Para tentar solucionar o problema financeiro, a entidade recorreu à Associação dos Municípios do Alto Uruguai (Amau).
– Procuramos a Amau em abril deste ano, quando a situação começou a ficar insustentável, para garantir a sobrevida do hospital enquanto negociamos um novo contrato com o Estado – explica Ayub.
Os 34 municípios da Amau, que utilizam os serviços do Hospital Santa Terezinha, se comprometeram a ajudar a instituição.
– Para isso, pedimos que nos apresentem um plano de redução de custos e a proposta de complementação por uso – afirma o presidente da Amau, Milton Cantele, que também é prefeito de Campinas do Sul.
A complementação por uso é o valor pago pelos municípios para cada atendimento realizado pelo hospital. O diretor do Hospital Santa Terezinha afirma que vai se reunir com a Amau em dez dias para apresentar as propostas.
– Houve posições contrárias à ajuda. Buscamos essa solução porque não seria justo dividirmos um valor de forma igualitária, já que cada cidade utiliza mais ou menos serviços da instituição – diz Cantele.
A Prefeitura Municipal de Erechim vai contribuir com R$ 2 milhões, sendo repassado R$ 1 milhão em julho e o restante em parcelas de R$ 250 mil até o final do ano.
Procurada, a Secretaria Estadual da Saúde confirmou os atrasos de 2014, mas afirmou que o governo fez todos os repasses de 2015 em dia. Apenas no mês de junho (com pagamento referente a maio) os hospitais receberam 40% dos incentivos estaduais – o valor varia de acordo com o que a instituição produz, como número de cirurgias.