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Recuperadas do déficit hídrico, lavouras de soja seguem em desenvolvimento no RS

As chuvas registradas nas últimas semanas em todas as regiões do Estado amenizaram os efeitos do déficit hídrico provocado pela estiagem, e as lavouras de soja apresentam sinais de retomada no desenvolvimento. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (30), em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), atualmente 37% das lavouras de soja estão na fase de desenvolvimento vegetativo, 36% em floração e 27% na fase de enchimento de grãos.

Na regional da Emater/RS-Ascar de Ijuí, onde a cultura representa 16,3% da área do Estado, 35% das lavouras estão em fase de desenvolvimento vegetativo, 45% em floração, 19% em enchimento de grãos e 1% das lavouras entra em maturação. Com o retorno da umidade, as folhas que se encontravam amareladas caíram, e as lavouras passaram a apresentar coloração verde escura. O crescimento acelerou e provocou o aumento da altura das plantas, já próxima da ideal para as áreas implantadas em novembro com cultivares de ciclo mais longo. As de ciclo mais rápido, implantadas em final de outubro, não estão conseguindo se recuperar da estiagem, apresentando baixo número de vagens por planta. Em pequenas áreas de Quinze de Novembro e Panambi, os produtores vêm optando por deixar de cultivar soja para implantar nova lavoura de milho.

Na regional de Santa Rosa, cuja área de soja corresponde a 11,8% dos cultivos no Estado, as chuvas amenizaram os efeitos do estresse hídrico nas plantas. A cultura apresenta bom desenvolvimento vegetativo, sendo observado acúmulo de matéria seca na parte aérea das plantas e formação de bom dossel, que proporciona o fechamento de linhas na maior parte das lavouras semeadas em meados de novembro. A maior parte dos cultivos (68%) encontra-se em floração e enchimento de grãos, fase em que a presença de umidade no solo é determinante para garantir uma boa produção e durante a qual as precipitações determinarão o aumento ou não de perdas na região.

Milho – As chuvas contribuíram para melhorar a situação das lavouras de milho no RS, que estão 14% em germinação e desenvolvimento vegetativo, 11% em floração, 24% em enchimento de grãos, 25% maduro e 26% do total já foram colhidas. Na regional da Emater/RS-Ascar de Ijuí, que corresponde a 10% da área cultivada no Estado, as lavouras cultivadas em locais com irrigação apresentam produtividade inferior à estimada inicialmente, que é de 7.710 kg/ha. O longo período de temperaturas acima de 30°C provocou redução de rendimento e senescência de folhas. Já nas áreas de sequeiro, há redução de produtividade e grãos pouco desenvolvidos. O rendimento médio das lavouras alcançou 122 sacos por hectare.

Na região de Frederico Westphalen, com 11,9% da área destinada à cultura no Rio Grande do Sul, 55% das lavouras já foram colhidas, com perdas de rendimento das lavouras em decorrência do efeito da estiagem, sobretudo naquelas semeadas a partir da segunda quinzena de setembro, quando comparadas com as que foram plantadas até a primeira quinzena. Em geral, o percentual de perdas deverá variar conforme o comportamento do regime de precipitações ao longo do restante do ciclo. Em alguns municípios da região, os produtores continuam solicitando cobertura de Proagro.

Arroz – As precipitações ocorridas nas regiões produtoras contribuíram para a reposição dos mananciais hídricos, trazendo um alento aos produtores de arroz atingidos pelos efeitos da estiagem em dezembro e durante boa parte de janeiro. A cultura no RS mantém bom estado de desenvolvimento, estando 55% das lavouras em fase de germinação/desenvolvimento vegetativo, 28% em floração, 14% em enchimento de grãos e 3% em maturação.

Feijão 1ª safra – Na região de Ijuí, 98% dos cultivos se aproximam do final da colheita. Diante do atual cenário e apesar das perdas, os produtores estão satisfeitos com o rendimento médio obtido de 25 sacos por hectare. Na de Santa Rosa, praticamente toda a área das lavouras de feijão primeira safra está colhida, com produtividade média de 1.200 quilos por hectare. Em Salvador das Missões, a produtividade é de 1.650 quilos por hectare.

Feijão 2ª safra – Na regional administrativa da Emater/RS-Ascar de Ijuí, a semeadura vem avançando a partir da liberação de áreas pós-colheita do milho. A área prevista na intenção de plantio é de 3.868 hectares. Já na região de Santa Rosa, os cultivos de segunda safra estão em andamento e as primeiras lavouras apresentam boa germinação e desenvolvimento vegetativo. Entretanto, já há ataque de pragas que exigem a realização precoce de pulverizações com inseticidas.

Olerícolas
Vagem – Na regional de Lajeado, houve redução de produção e qualidade e de ciclo nas lavouras que sofreram com a estiagem. Os produtores preparam a implantação de novas áreas a campo para fevereiro. O saco de dez quilos de vagem é comercializado entre R$ 75,00 e R$ 80,00.

Beterraba – Na regional da Emater/RS-Ascar de Lajeado, a cultura está em fase final de desenvolvimento, com poucas áreas em produção. Há registro de perdas significativas pelo calor e pela falta de água durante o ciclo, pois em poucas áreas da cultura se usam sistemas de irrigação complementar. O preço pago ao produtor pela dúzia de molhos é de R$ 25,00 a R$ 30,00 para comercialização na Ceasa.

Frutícolas
Pêssego – Na regional administrativa da Emater/RS-Ascar de Pelotas, segue a colheita de pêssego destinado ao mercado in natura. Na de Soledade, a colheita está em fase final, com frutos de boa qualidade, porém menor tamanho. É alta a incidência de mosca-das-frutas.

Oliva – Na regional de Pelotas, está implantada uma área de 1.275,25 hectares com olivais, todos pomares novos e recém-implantados, sendo a maior região produtora do Estado. São 17 propriedades rurais com esta atividade. Destaque para Canguçu, com cinco propriedades, totalizando 619 hectares. A maior área individual de cultivo está em Pinheiro Machado. Pomares estão em plena frutificação. O estado sanitário é de bom a ótimo, decorrente do clima seco. Nos pomares não irrigados deverá ocorrer redução da produtividade devido aos efeitos da estiagem.

Ameixa – Na região de Caxias do Sul, a ameixa foi a espécie frutífera mais afetada pelas intempéries, principalmente pelo excesso de chuvas e pela pouca insolação no período de florescimento e pegamento das frutas. A cultura é altamente dependente de polinização cruzada – flor de uma cultivar e pólen de outra, e efetivada por abelhas; mas em dias de chuva ou neblina, esses insetos permanecem em suas colmeias.

Abacaxi – Na regional de Porto Alegre, Terra de Areia e municípios vizinhos concentram a quase totalidade da produção de abacaxi comercial no Rio Grande do Sul. A cultura em Terra de Areia, maior área cultivada, vem se mantendo estável nos últimos anos em cerca de 340 hectares, e envolve diretamente 130 famílias. O clima tem se mantido de forma razoável para a cultura, que é bastante resistente à deficiência hídrica. Os frutos são comercializados de R$ 40,00 a R$ 45,00/cx. com 12 a 40 frutos, variando conforme o tamanho. Estima-se que estejam colhidos 68% da safra.

Pastagens e criações
Favorecidos pelo clima, tanto os campos nativos quanto as pastagens cultivadas continuam apresentando boa recuperação e oferecendo melhores condições alimentares e nutricionais aos animais. Muitos produtores aproveitaram a maior umidade do solo para realizar adubação de cobertura em áreas de pastagem cultivada. Algumas áreas onde houve menor incidência de chuvas ainda apresentam crescimento reduzido, especialmente das pastagens nativas.

Bovinocultura de corte – Os rebanhos bovinos de corte apresentam bom escore corporal, de uma forma geral em todo o Estado. Em algumas áreas onde a recuperação das pastagens é mais lenta, o gado apresenta ganho de peso reduzido, com escore corporal mais baixo. As condições sanitárias são satisfatórias, mas, com o aumento da umidade no solo combinado com altas temperaturas, é necessário intensificar o controle de verminoses, carrapatos e demais ectoparasitoses, como as miíases e infestações por mosca-do-chifre. Segue a temporada de monta e inseminação artificial das matrizes.

Ovinocultura – Nas diversas regiões do Estado, os rebanhos ovinos apresentam bom estado e mantêm o ganho de peso. A manutenção de boas condições sanitárias requer cuidados, como o controle estratégico de verminoses e o combate a parasitos externos. As parasitoses externas mais comuns nesta época são as miíases, causadas por larvas de moscas, e as infestações por sarna e piolho. Em muitas propriedades, o encarneiramento começou no início de janeiro e deverá ter continuidade até o final de fevereiro.

Apicultura – Em todo o Estado, os enxames laboram intensamente, especialmente nas áreas com melhores floradas. A aplicação de agrotóxicos nas lavouras de soja é motivo de preocupação por parte dos apicultores, pois têm ocorrido casos de mortalidade de abelhas em algumas áreas próximas a lavouras da leguminosa. A safra de primavera continua com expectativa de melhor produtividade, tendo em vista que a primeira colheita não foi boa em vários apiários; os piores resultados ocorreram nas regiões de Bagé, Pelotas, Soledade e Porto Alegre.

Pesca artesanal – O período de defeso das bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul, iniciado em 1º de novembro de 2019, encerra nesta sexta-feira (31). Já no sábado (01), começa a safra do Camarão. Na Lagoa do Peixe, a captura de Camarão está impedida em alguns pontos, mas continua ocorrendo para pescadores cadastrados no restante de sua extensão, com boa produtividade.

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