A partir de levantamento feito em 467 dos 497 municípios gaúchos, a Emater/RS-Ascar divulga a previsão de comercialização de peixe durante a Semana Santa. De acordo com a estimativa, o volume a ser comercializado diminuiu 28%, passando de 4.229.765 kg para 3.033.123 kg. De acordo com o extensionista responsável pelo processamento das informações, Henrique Bartels, o teletrabalho dos extensionistas, a estiagem e as incertezas sobre a possibilidade de realização de feiras devido à pandemia do coronavírus dificultaram o planejamento, “de forma que 75% das informações só foram postadas nos últimos cinco dias antes da data limite expirar, que foi dia 31 de março”. A Emater/RS-Ascar atua em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) também no atendimento aos agricultores e pescadores do Estado.
Como o número de municípios que apresentaram informações sobre a comercialização de peixe diminuiu, se comparado com o levantamento de 2019, passando de 485 para 467 escritórios locais, houve redução do volume de vendas esperado. Já quando comparado com o preço médio praticado no ano passado, o aumento neste ano é de 3% (passou de R$ 13,66 para R$ 14,08). No entanto, quando se compara o valor bruto do peixe comercializado, houve uma redução de 26% (R$ 57.758.412,55 x R$ 42.711.839,40), ou seja, de R$ 15.046.573,15 a menos do que em 2019.
Sobre os pontos de comercialização de peixes no Estado, houve uma redução dos quatro indicadores apresentados (locais de feira, dias de feira, venda na propriedade, venda na casa do pescador). Comparado com 2019, o número de locais de feira diminuiu 34% (de 332 para 218) e o número dos dias de feira diminuiu 40% (de 1.070 para 642). Já a redução no número de propriedades e de casas de pescadores que vão vender peixe foi menor do que 20%, ou seja, de 2.776 para 2.304 e de 2.036 para 1.699, respectivamente. Outros locais de comercialização de peixes, como beira de rios e da praia, ambulantes e pesque-pague, também apresentaram redução aproximada de 16%, passando de 6.233 pontos no total em 2019 para 5.260 programados para 2020.
Sobre as espécies comercializadas, a carpa capim inteira é a que apresenta maior expectativa de venda, com a projeção de 507.956 kg a serem comercializados, seguido da tilápia, que apresenta avanço no volume total a ser comercializado, passando de 8% das vendas em 2014 para 19% em 2020. Para Bartels, “isso pode indicar que os produtores estão aprendendo as técnicas de cultivo e os consumidores, conhecendo e apreciando o sabor desta espécie”. Durante a Semana Santa também serão vendidas as diversas espécies de carpas (húngara, cabeça grande e prateada, tanto eviscerada como inteira), jundiás, traíras, camarão, piavas, violinhas e pescadas, entre outras.
Durante o ano, a Emater/RS-Ascar divulga o levantamento da previsão, através de seus escritórios municipais e regionais, planeja e executa várias atividades nas áreas de piscicultura, junto aos agricultores familiares e pescadores. Os extensionistas elaboram projetos e orientam os produtores na construção dos viveiros, na calagem e na adubação, na introdução dos alevinos, no manejo e controle da qualidade da água, na alimentação dos peixes, no controle das doenças, na despesca e na comercialização da produção e nas formas de consumo do peixe produzido.
“A maior parte da comercialização de peixe no Rio Grande do Sul ainda ocorre durante a Semana Santa, quando se estima a venda de 20 a 25% da produção”, ressalta Bartels, ao destacar que esse levantamento a nível local sobre a comercialização de peixe durante a Semana Santa é realizado pela Emater/RS-Ascar em todo o Estado desde 2009.
Produção e venda regionais
Nas diversas regiões do Estado, a maioria das feiras do peixe foi cancelada em virtude da pandemia da Covid-19 e os produtores vão comercializar os peixes em suas propriedades. Na região do Alto Uruguai, a estimativa é de sejam comercializados em 139 propriedades, em dez pesque-pague e em 77 residências, totalizando 274 pontos de vendas, num total aproximado de 181.450 kg. De acordo com o extensionista do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Erechim, Vilmar Fruscalso, a longa estiagem está afetando a qualidade da água, o que tem causado a morte de peixes em algumas granjas.
Na Serra, a previsão é de que sejam comercializados durante esta semana em torno de 274 toneladas de peixe, movimentando mais de R$ 4 milhões. O preço médio do quilo do peixe na região é de R$ 14,82. Haverá 170 pontos de comercialização, com destaque para a venda nas propriedades rurais, além de pesque-pague, feiras e outros. A maior quantidade ofertada será de carpas (capim, prateada, cabeça grande e húngara) e filé de tilápia.
Na Fronteira Noroeste e Missões, a tendência é que os produtores comercializem os peixes em 700 pontos de venda diretamente nas propriedades rurais, 16 pesque-pagues e 45 produtores experimentarão como nova modalidade de venda o whatsapp e o telefone, com entrega nas casas dos consumidores.
Na região Norte do Estado, a atividade da piscicultura tem crescido de forma significativa nos últimos anos, em razão do número de famílias que vêm apostando na atividade como uma alternativa complementar de geração de renda, por se tratar de um cultivo que requer pouca área para a produção, pela facilidade do manejo e baixo investimento, se comparado a outras atividades. A comercialização de peixes nas propriedades rurais é o grande destaque da Semana Santa deste ano. Na região serão 205 piscicultores vendendo os peixes direto ao consumidor na propriedade rural. A previsão de comercialização para este ano é de 285.500 kg de peixes.
Na região de Lajeado, o extensionista da Emater/RS-Ascar, João Sampaio, salienta que a crise provocada pelo coronavírus obrigará os piscicultores a trabalhar em consonância com as determinações dos órgãos oficiais, que regem as políticas de proteção contra os efeitos da Covid-19, realizando assim de forma segura as feiras que marcam a data. Sampaio observa que, mesmo para os 170 eventos previstos para ocorrer nas propriedades, a Emater/RS-Ascar reforça aquilo que determinam os órgãos oficiais. “Neste caso, a preferência é dada para a venda fracionada na taipa, por encomenda ou com baixo envolvimento de pessoas ao dia”, enfatiza. Outra ideia é a da retirada de poucos peixes a cada dia, sem secar os açudes, mantendo a produção em função da estiagem.
“A região de Porto Alegre historicamente tem o maior volume de comercialização de peixes na Semana Santa, devido à proximidade com o grande mercado consumidor, que é a Região Metropolitana, e que concentra 30% do volume total vendido no Estado”, avalia o extensionista da Emater/RS-Ascar, Carlos Roberto Vieira da Cunha, ao anunciar como expectativa de venda mais de 670 toneladas de pescado. “Dos 72 municípios atendidos pelo Escritório Regional de Porto Alegre, somente sete decidiram manter as feiras: Camaquã, Butiá, Glorinha, Igrejinha, Morro Reuter, Sapiranga e Viamão”, diz. Nos demais municípios as vendas ocorrem nas propriedades ou por televenda, como é o caso de Guaíba, onde os pescadores e piscicultores se uniram e fizeram um panfleto disponibilizando seus números de telefone para atender as encomendas.