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Síndrome de Down: vida longa e saudável

Um cromossomo a mais não deve ser encarado como sinônimo de saúde a menos. Até porque síndrome de Down não é doença. Trata-se de uma condição genética que vem acompanhada de algumas peculiaridades como hipotonia, a diminuição da rigidez dos músculos, e déficit cognitivo.

Esses e outros aspectos, porém, podem ser amenizados com cuidados e estímulos específicos. É graças a eles, por sinal, que milhares de jovens com Down vêm ganhando qualidade de vida – um tema tão relevante que foi alçado a destaque do Congresso Internacional Sabará de Saúde Infantil, ocorrido em São Paulo.

“De forma geral, pessoas com a síndrome têm muitas capacidades, só que precisam de mais tempo e incentivo para desenvolvê-las”, explica a fonoaudióloga Elisabete Carrara de Angelis, do A.C. Camargo Cancer Center, na capital paulista. A questão é que, de fato, pessoas que nascem com a condição estão, sim, mais sujeitas a alguns problemas de saúde.

“Mas isso não significa que elas terão um futuro ruim. O que existem são predisposições que precisam ser monitoradas”, diz a geneticista Carla Franchi Pinto, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

A especialista se refere a descompassos no coração, na visão e na tireoide, por exemplo. Um levantamento da Universidade de Uppsala, na Suécia, evidenciou também que a prevalência de autismo e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é maior na população com Down.

É claro que não falamos de um pacote de doenças que afeta todo mundo do mesmo jeito. Não só a presença dos transtornos, como a sua intensidade, tende a variar. “Existem diferenças na forma de cuidar e estimular em cada uma das situações. Por isso, precisamos entender a fundo do que se trata caso a caso”, observou, durante sua apresentação no congresso, Rosane Lowenthal, coordenadora da unidade de referência em transtornos do espectro autista da Santa Casa paulistana.

“O problema é que, não raro, todas as dificuldades caem nas costas da síndrome”, critica a pediatra Ana Cláudia Brandão, responsável pelo programa de síndrome de Down do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. E, aí, aumenta o risco de distúrbios passarem batidos ou serem negligenciados por quem está no entorno.

“Já vi uma criança que tinha 4 anos e ainda não andava. No fim, ela possuía miopia e, como não enxergava bem, não conseguia caminhar”, ilustra a médica. “O diagnóstico demorou tanto porque se achava que aquela dificuldade fazia parte da condição”, completa.

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