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segunda-feira, 25/novembro
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Os males do excesso de brinquedos

Vou começar meu texto da semana com duas perguntas:

1) Quantos brinquedos seus filhos têm?

2) Quantos brinquedos você teve?

Provavelmente você não saberá responder a primeira pergunta, mas saberá, mesmo que de maneira aproximada, responder a segunda. E, nem preciso perguntar, creio que já sei a resposta: quem usou e abusou mais de seus brinquedos: você ou seus filhos?

O mundo girou, a Lusitana rodou, o tempo passou e muita coisa mudou, inclusive a capacidade das nossas crianças de focar em seus brinquedos e brincadeiras. E isso não é bom. A capacidade de concentração e cognição de nossas crianças está seriamente comprometida, piorando a cada dia, e defendo que a maior causa é o excesso de brinquedos e eletrônicos no seu dia a dia.

Os brinquedos precisam ser explorados, consumidos, devorados, decifrados, gastos e sugados até o fim. É essa a finalidade deles. Eles nos “ensinam” a cuidar deles, guardá-los pra podermos encontrá-los depois, observá-los, analisá-los e explorá-los em todas as suas possibilidades – inclusive quando quebram e passam a ter outras funções, descobertas ao longo de todo o tempo de uso dele.

Todos esses processos serão necessários por toda as suas vidas, e devem ser aprendidos na infância, como aliás deve ser quase tudo o que precisamos para sermos adultos ativos, atuantes, criativos e responsáveis.

No caso dos joguinhos de tablets e celulares, seu uso excessivo compromete, entre outras coisas, a capacidade de esperar: nos jogos, a resposta é imediata, qualquer comando é prontamente obedecido, as coisas aparecem como que por encanto para satisfazer o poço sem fundo de desejos que somos, desde crianças. E na vida as coisas não são assim.

Portanto, é fundamental que as crianças tenham mais experiências com brinquedos analógicos que digitais, que possam elas mesmas ser e/ou produzir as respostas dos desejos de suas brincadeiras: elas terão que desenvolver coordenação e aprender a colocar a roupinha na boneca, montar o carrinho ou o quebra cabeças, e não apenas depender do simples deslizar de seu dedo por uma tela para realizar seus desejos.

Refeições com tablets à mesa são outra coisa que prejudicam demais nossas crianças: elas não se concentram no que estão comendo, não aprendem a socializar ou se comportar à mesa, e, segundo sérios estudos disponíveis na internet, ficam com a digestão prejudicada.

Esse hábito pode facilitar muito a vida dos pais em situações de emergência, mas recomendo que gastem um pouco mais de tempo e energia se impondo para que eles possam alimentar adequada e educadamente, porque isso faz parte de nossas funções, afinal – e é muito importante que as desempenhemos, é para isso que estamos aqui e é a nossa autoridade e o incansável desempenhar de nossas funções que fazem de nossos filhos crianças seguras e atuantes.

Agora vamos à questão prática:

Seus filhos já tem milhares de brinquedos. O que fazer?
Sugiro que a grande maioria seja guardada, que alguns sejam doados – e que seus filhos participem desse processo, selecionando os brinquedos a serem doados, e, se possível, entregando esses brinquedos e vendo a reação feliz das crianças que os receberam.

Disponha apenas cinco ou seis de cada vez e se sente com eles um pouco para explorarem juntos cada um deles – ter muitos brinquedos disponíveis na hora de brincar distrai a atenção, prejudica o foco e “vicia” as crianças em excessos.

Brinque, sugira, pergunte como usar cada um, inventem juntos novas maneiras, criem nomes pra eles. Explorem. Isso será maravilhoso pra estreitar vínculos entre vocês e desenvolverá autonomia pra que as crianças fiquem por horas e horas concentradas, brincando, inventando maneiras de brincar, criando, e, sobretudo, entendendo que não é necessário ganhar coisas e mais coisas pra ser feliz e se divertir.

Aliás, recomendo que façamos isso também com os nossos brinquedos: roupas, sapatos, gadgets, cosméticos, acessórios. Que dependamos cada vez menos da proliferação deles em nossas vidas para sermos felizes e realizados. Lembrem-se: somos poço sem fundo de desejos, quanto mais tivermos, mais “necessitaremos”, e, portanto, mais insatisfeitos ficaremos.

Amor e gratidão.

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