O Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulgou nesta quarta-feira (08) documento em que se posiciona contra “as práticas de uso de agrotóxicos no Brasil” e ressalta os riscos à saúde do uso desses produtos químicos. A intenção é fortalecer a regulação e controle dessas substâncias e incentivar a agricultura orgânica.
O documento chama a atenção para o fato de o Brasil ser, desde 2009, o maior consumidor mundial de agrotóxicos, com consumo médio mensal de 5,2 quilos de veneno agrícola por habitante. A venda de agrotóxicos no País passou de US$ 2 bilhões para US$ 8,5 bilhões entre 2001 e 2011.
“É importante destacar que a liberação do uso de sementes transgênicas no Brasil foi uma das responsáveis por colocar o País no primeiro lugar do ranking de consumo de agrotóxicos, uma vez que o cultivo dessas sementes modificadas exigem o uso de grandes quantidades desses produtos”, diz o texto.
As intoxicações agudas por agrotóxicos atingem os trabalhadores rurais, que sofrem com irritação da pele e olhos, cólicas, diarreias, dificuldades respiratórias, convulsões e morte.
– Há uma subnotificação da intoxicação aguda porque nos serviços de saúde muitas vezes os sintomas são confundidos com uma virose. Em 2013, houve 5.500 casos registrados. A Organização Mundial de Saúde estima que, para cada caso notificado, outros 50 não foram comunicados – afirma Márcia Sarpa de Campos Mello, da Unidade Técnica de Exposição Ocupacional e Ambiental do Inca.
Os agrotóxicos também provocam efeitos por conta da exposição crônica às substâncias químicas, como infertilidade, impotência, abortos, malformações e câncer, informa o documento.
“Vale ressaltar que a presença de resíduos de agrotóxicos não ocorre apenas em alimentos in natura, mas também em muitos produtos alimentícios processados pela indústria, como biscoitos, salgadinhos, pães, cereais matinais, lasanhas e outros que têm como ingredientes o trigo, o milho e a soja”, diz o texto.
Já o nutricionista do Inca, Fabio Gomes, lembra que “a preocupação com agrotóxicos não pode significar a redução do consumo de frutas, legumes e verduras”.
– São fundamentais em uma alimentação saudável e de grande importância na prevenção do câncer – declara.