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Câmara de Vereadores aprova impeachment e prefeito de Farroupilha perde o cargo

Por maioria, a Câmara de Vereadores de Farroupilha cassou o mandato do prefeito municipal Claiton Gonçalves (PDT) em votação nesta sexta-feira (15). Já na votação da primeira denúncia, que contestava a nomeação de um fiscal municipal para atuar em função privativa de advogado, foram obtidos votos suficientes para a cassação. Foram 10 votos favoráveis, 4 contrários e uma abstenção.

Foram contrários ao afastamento os vereadores Deivid Argenta e Thiago Brunet, ambos do PDT, partido do prefeito; Maria da Glória Menegotto (Rede) e Tiago Ilha (Republicanos), concunhado de Claiton. O presidente do Legislativo, Fernando Silvestrin (PP), se absteve. Os outros dez parlamentares (lista completa abaixo) foram favoráveis ao impeachment.

Maria da Glória foi uma das mais enfáticas na defesa de Claiton, que estava no plenário ao lado o seu procurador, o advogado Augusto Vilela. Chamou os colegas de desleais com os eleitores por votarem uma matéria tão importante em um momento de pandemia, o que impede aglomerações e, portanto, que os farroupilhenses lotassem a Câmara para acompanhar a sessão.

— Esse pedido desesperado de impeachment vai amanhã resultar em quê? Em mais saúde, em mais creches? — questionou a vereadora da Rede.

Para Maria da Glória, a pressa em votar a cassação do mandato de Claiton não passa de uma manobra política:

— Eleição deve ser disputada de maneira limpa, sem manobra para enganar o eleitor.

O suplente Tiago Ilha (Republicanos), empossado nesta semana no lugar de Rudmar Elbio da Silva (PSB), que se licenciou para assumir a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural, seguiu na mesma linha. Criticou a urgência em se votar o impeachment. Discordou dos itens da denúncia e pontuou, por exemplo, que no caso da nomeação de um fiscal municipal para atuar em função privativa de advogado, o dolo não foi do prefeito, mas do fiscal.

— A gente não está aqui para julgar se o Claiton atendeu ou não entidade, se feriu nossos sentimentos — disparou.

Do mesmo partido do prefeito, Deivid Argenta, também tocou na questão do fiscal e disse não entender como motivo para impeachment, já que o fiscal não está mais ocupando o cargo. Também destacou que o prefeito não cometeu crime porque sequer ficou com dinheiro dos cofres públicos:

– É preciso respeitar o voto da população.

O vereador Thiago Brunet, também do PDT, lembrou que muitos parlamentares presentes já haviam tido oportunidades nas gestões de Claiton e que era preciso ter gratidão. “Quem tem gratidão adoece menos e vive mais”, apelou. Dirigindo-se especialmente a Sedinei Catafesta, relator da comissão processante e que foi secretário do Esporte, Lazer e Juventude de Claiton, e pediu que revisse seu parecer pela cassação.

— Sempre há tempo de repensar, sempre há tempo de mudar — disse Brunet, acrescentando ao final que, se a cassação fosse aprovada, que ao menos os direitos políticos de Claiton fossem mantidos.

Claiton teve direito de defesa com manifestação de duas horas. Parte da apresentação foi ocupada pelo próprio prefeito, que falou diretamente sobre sua relação com cada um dos parlamentares. Antes mesmo da votação, o tom do discurso de Claiton antecipava a eventual cassação.

— Fui um turrão muito feliz, fiz muita coisa certa, mas algumas coisas erradas — afirmou Claiton.

Sobre o processo de impeachment, o prefeito contestou a fala de muitos parlamentares classificando como “momento único” na história de Farroupilha.

— Muitos vereadores disseram que esse é um momento histórico. Mas discordo quando dizem que é único. Criamos nesta noite uma precedência, a de que passaremos a ser julgados por nós mesmos e não pela população — afirmou Claiton.

Com a cassação, em menos de cinco meses, a Serra vivenciou dois impedimentos de mandatários. Em dezembro, Daniel Guerra (Republicanos), também foi destituído do mandato, em Caxias do Sul.

Favoráveis

Os vereadores favoráveis ao impeachment adotaram um discurso de que o dia era muito triste para a cidade e que não era uma tarefa fácil estar na Câmara para analisar a cassação de um prefeito.

— Não estou feliz de estar aqui nesta tribuna. Ocupei muitas vezes essa tribuna e minha cadeira de vereador sempre buscando o melhor para a população farroupilhense — disse Jonas Tomazini.

Presidente da comissão processante, Eleonora Broilo fez um discurso breve reiterando convicção no parecer apresentado pelo relator Sedinei Catafesta. Fabiano Piccoli, presidente da outra comissão que trata de uma segunda denúncia contra Claiton, também manifestou concordância e confiança no relatório. Ele, inclusive, apontou o item que trata da compra dos terrenos sem autorização da Câmara como um dos mais graves, porque o prefeito não respeitou o poder Legislativo, primordial em uma democracia.

— Meu voto será pela razão. Votarei pela tranquilidade e pela legalidade dos atos os quais tenho conhecimento e também os documentos apresentados — completou Jorge Cenci.

VOTOS

Votação nº1 – Nomeação de um fiscal municipal para atuar em função privativa de advogado

Arielson Arsego (MDB): sim
Deivid Argenta (PDT): não
Eleonora Broilo (MDB): sim
Fabiano Piccoli (PSB): sim
Fernando Silvestrin (PL): abstenção
Jonas Tomazini (MDB): sim
Jorge Cenci (MDB): sim
José Mário Bellaver (MDB): sim
Josue Paese Filho (PP): sim
Maria da Glória Menegotto (Rede): não
Sandro Trevisan (PP): sim
Sedinei Catafesta (PSD): sim
Tadeu Salib dos Santos (PP): sim
Thiago Brunet (PDT): não
Tiago Ilha (Republicanos): não

SourceGauchaZH
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