A história do chá tem início na China a partir do ano 2.737 a.C, onde acredita-se que o imperador chinês Shen Nung, ao ferver água debaixo de uma árvore, não tenha percebido que folhas da planta haviam caído dentro do recipiente, dando origem, de forma involuntária, à bebida conhecida atualmente. A forma de preparar o chá, como fazemos hoje em dia, foi descoberta somente no XIV, na dinastia Ming, e a introdução do chá no mundo ocidental foi realizado pelos ingleses no século XVII.
Com as experiências vivenciadas pelos povos antigos, aliadas ao avanço da ciência no estudo das propriedades terapêuticas dos chás, foi possível descobrir um extenso leque de possibilidades para o uso de certas substâncias, presentes nesses produtos, no tratamento de diversas doenças.
De acordo com o estudo desenvolvido na Universidade de Ilinóis, EUA, uma substância derivada da cafeína conhecida como ácido cafeoilquínico (CQA, sigla do nome em inglês), presente na erva mate – Ilex paraguariensis St. Hilaire –, pode inibir a translocação de núcleos NF-kB em macrófagos e induzir apoptose – morte celular programada – em células humanas de câncer de cólon, pela ativação das enzimas caspase – 8 e caspase – 3.
A pesquisa desenvolvida pela professora associada da universidade norte-americana, Elvira de Mejia, e pela estudante de graduação Sirima Puangpraphant, teve como objetivos isolar e purificar as diCQA da erva afim de explorar as suas capacidades anti-inflamatórias e anti-cancerígenas, testando-as nas células doentes in vitro.
O processo de apoptose ocorre devido aos danos no DNA, causados pelo contato das substâncias químicas presentes na erva mate, com as células cancerosas. Algumas moléculas derivadas do CQA têm a capacidade de diminuir consideravelmente vários marcadores de inflamação, dentre eles o NF-kb (NF-kappa-B), responsável pela regulação de diversos genes que interferem no processo, por meio da produção de algumas enzimas. Um dos objetivos da equipe de pesquisadores é reduzir a atividade do NF-kB (fator nuclear kappa B) – um complexo protéico que desempenha funções como fator de transcrição. Foi possível constatar também que, a indução das enzimas caspase – 3 e caspase – 8, culminou com a morte de diversas células neoplásicas.
A relação entre marcadores de inflamação e o desenvolvimento da doença, levou os cientistas a concluir que a redução da atividade desses marcadores, pode ajudar a controlar a transformação das células normais em cancerosas.
Os resultados obtidos são bastante promissores, pois existem fortes indícios de que os derivados da cafeína, presentes na erva mate, podem agir no combate ao câncer, assim como em desordens inflamatórias. No entanto, esses mecanismos podem ser mais eficientes no cólon, pois a microflora ali presente tem grande importância na absorção e metabolismo das substâncias derivadas da cafeína.
Fonte: Jornal Bom Dia