O Seminário Fruticultura no Alto Uruguai – Diversificação e Geração de Renda, realizado no Salão Nobre do Polo de Cultura, na quinta-feira (17), apresentou um panorama da fruticultura na região do Alto Uruguai. A produção de frutas foi o destaque do evento, com apresentação de cinco cases de sucesso na região. Os produtores relataram suas histórias familiares, conquistas e desafios, além dos sonhos realizados com o cultivo de citros, uva, pêssego, figo, noz-pecã e morango nos municípios de Aratiba, São Valentim, Barra do Rio Azul, Jacutinga, Gaurama e Erechim.
No Salão Nobre do Polo de Cultura do parque da Accie na Frinape 2022 em Erechim, os extensionistas e engenheiros agrônomos Luiz Angelo Poletto e Carlos Alberto Angonese relataram a situação e a viabilidade da fruticultura na região, bem como as diversas formas de agregar valor à fruta.
Na região do Alto Uruguai a área cultivada com fruticultura é de 4.324 hectares, com uma produção prevista de 121.735 toneladas. A atividade envolve 2.274 produtores, proporcionando uma renda anual de R$ 140 milhões. Nos últimos cinco anos a área cultivada aumentou em cerca de 800 hectares. Entre as culturas que mais aumentaram em área estão o morango, noz-pecã, laranja e bergamota. Já as frutíferas que tiveram área de plantio reduzida são a uva de mesa, que em 2017 tinha 540 hectares e baixou para 420 em 2022, e o caqui, que passou de 50 hectares em 2017 para 31 hectares neste ano.
Na região, o consumo de grande parte da produção é in natura e parte destinada para a produção de sucos. Poletto também destacou a qualidade e o sabor das frutas produzidas na região do Alto Uruguai, características exigidas pelos mercados nacional e internacional. Já Angonese citou diversas maneiras para agregar valor de frutas e hortaliças, proporcionando mais rentabilidade aos produtores. Ele citou como alternativas as agroindústrias familiares, novos negócios e oportunidades.
CASES:
– Aratiba: o sucesso da família Griebler com a produção de citros no município de Aratiba foi apresentado pelo produtor João Griebler, de 68 anos, acompanhado do extensionsita do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar, Jair Griebler. Ele falou dos desafios que enfrentou e das conquistas desde que iniciou na atividade em 2009. Hoje possui uma área cultivada de 172 hectares, com 12 variedades de laranja, cinco de bergamota e três de limões, com produção na safra atual de 3.400 toneladas. Segundo ele, a meta é chegar a 200 hectares. “Acreditamos na atividade, mas trabalhamos das 5h30 da manhã até as 9 da noite”. Griebler destacou o foco da produção na empresa Cultivo e Citros Griebler, com frutas para mesa e suco. “Não se acanhe, acredite nos seus sonhos que será realidade”, aconselhou Griebler.
– São Valentim: a família Szefer, acompanhada do extensionsita Delmir Nadal, compartilhou a experiência na cultura da videira. Tudo iniciou com 5 hectares e a cada ano aumentavam a área cultivada em um hectare. O casal de jovens Ademar e Cassiane viu na produção de uvas uma oportunidade para aumentar a rentabilidade da família. Buscaram o aperfeiçoamento na produção de vinhos e da fruta. O trabalho e a dedicação fez com que a família se tornasse referência de sucesso.
– Barra do Rio Azul: produtor Domingos Bortalanza, acompanhado do extensionista Jair Zorzanello, expôs a experiência da família com a produção de pêssego e a evolução no cultivo. Em 1992 a família iniciou na atividade com o cultivo de 250 mudas em meio hectare. Hoje conta com uma área de 16 hectares e além do pêssego são cultivadas outras frutas.
– Jacutinga: a experiência com a produção de figo foi relatada pelo produtor Loreni Marchetto, acompanhado do extensionista Derli Dalatra. “É muito gratificante produzir e comercializar figo”, contou. Toda a produção de frutas e hortaliças é destinada para a agroindústria da família Agro Marchetto. Feliz com os resultados, ele observou que “vamos partir para a produção de cristalizados”. Também está nos projetos da família abrir a propriedade para o turismo rural, com visitação aos pomares.
– Gaurama: família Franceschini, acompanhada do extensionista do extensionista Teilor Schmidt, relatou o trabalho com o cultivo de noz-pecã, além de fazer referência ao cultivo de outras frutíferas. A família iniciou há seis anos com a produção de noz-pecã em uma área de 2,5 hectares, que ao longo do tempo foi ampliada para 12 hectares. A família direciona a produção para a agroindústria Agronozes Franceschini. “Já comercializamos toda a safra de 2022 e metade da safra de 2023 (ainda para plantar)”, disse Jucilene, que estava acompanhada dos pais Adiles e Valdemar.
– Erechim: a experiência da família Rampi com a produção de morangos há oitos foi relatada pelo produtor Alencar Rampi. Após passar por dificuldades profissionais, ele relata que teve um sonho e com a produção de morangos se tornou dono do próprio negócio. “Desde o nome (Sabor Divino) é algo que vem de Deus, pois foi em sonho que recebi a ideia de trabalhar com morangos”. A propriedade iniciou com duas mil mudas de morango, hoje trabalha com 125 mil mudas, de seis variedades da fruta, com produção organizada que também se apresenta como um diferencial. Alencar contou sobre a evolução, as superações com a perda do emprego e o caminho até se tornar referência na produção e conquista de mercados.
Todos os produtores contaram que tiveram o apoio e a assistência técnica da Emater/RS-Ascar e de outras parcerias. Cada família apresentou um vídeo com suas propriedades e produções na área de fruticultura.
O evento foi prestigiado pelo vice-prefeito, Flávio Tirelo, pelo presidente da Frinape 2022, Fábio Vendrusculo, pelo gerente regional da Emater/RS-Ascar, Gilberto Tonello, pelo coordenador da Fenagro, Abrão Safro, pelo coordenador regional da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Marcos Lima, prefeitos e lideranças da região.