Mais da metade das pacientes que procuram o consultório dermatológico se queixam espontaneamente de queda de cabelo em algum momento da consulta. Dificilmente alguma mulher irá negar os sintomas se questionarmos ativamente. Por que isso acontece? Estamos todas doentes? É uma epidemia? Culpa de nossa alimentação?
Antes de mais nada é preciso esclarecer algo que pode surpreender a maior parte dos leitores: os cabelos caem como parte normal de seu ciclo de vida e é importante diferenciarmos a queda normal da queda patológica. Muitas vezes as pacientes que nos procuram acabaram de se mudar, trocaram o piso de casa ou se casaram e passaram a se assustar com a quantidade de fios “perdidos” por aí. Dependendo do comprimento do cabelo, essa impressão pode ficar ainda mais acentuada!
Cabe, portanto, ao médico dermatologista examinar o couro cabeludo em busca de alterações e realizar o exame de tração, em que puxamos os fios em tufos, na cabeça toda, para quantificarmos a queda e determinarmos se é uma queda normal do ciclo do cabelo ou se é uma queda disfuncional.
A queda disfuncional é causada por doenças sistêmicas como anemia, doenças da tireoide, distúrbios nutricionais e também pode surgir após infecções que cursaram com febre alta, após tratamentos hormonais, após cirurgias e após o parto, dentre as causas mais comuns. Algumas doenças cutâneas podem levar à queda, como a alopecia areata, mas nestes casos, além da queda, há a presença de áreas sem pelos.
No entanto, conforme mencionamos anteriormente, na grande maioria dos casos, trata-se apenas da queda normal do ciclo do cabelo. E é fundamental esclarecermos como ele funciona para evitar dúvidas e tratamentos desnecessários com shampoos e fórmulas “milagrosos” que muitas vezes representam um gasto inútil.