Já sabemos que a obesidade infantil preocupa cada vez mais famílias e órgãos públicos. No entanto, a “cara feia”, normalmente vista apenas como uma fase pelos pais, também merece atenção. Pesquisadores da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, concluíram que crianças que dizem “não” diante do prato têm mais risco de desenvolver problemas comportamentais.
Os pesquisadores interrogaram quase mil crianças entre dois e cinco anos. De acordo com os resultados, publicados na revista Pediatrics, 20% das crianças apresentavam esse comportamento na maior parte do tempo. Além disso, 185 delas tinham aversão moderada aos alimentos e 37 mantinha hábitos severos — a alimentação se torna tão restritiva que a ingestão de alimentos é ainda mais limitada quando as refeições são feitas com outras pessoas. A pesquisa mostra que essas crianças também foram identificadas com sintomas de depressão, ansiedade e problemas mentais.
Mas afinal, quando ser exigente com a comida é realmente um problema?
De acordo com Nancy Zucker, diretora do Centro de Transtornos Alimentares da Universidade de Duke, as crianças das quais se falou na pesquisa não pertencem apenas ao time daqueles que se recusam a comer uma folha de alface.
– São crianças com modos tão limitados que a exigência causa problemas e assume muitas formas diferentes. Ele pode afetar a saúde, o crescimento, o funcionamento social e a relação familiar. Enquanto a criança pode sentir como se estivesse sozinha, os pais acabam se sentindo culpados – afirma Nancy.
Ele explica que algumas crianças que se recusam a comer podem ter sentidos aguçados, o que torna o cheiro, a textura e o gosto de certos alimentos um tanto ruim, causando aversão e nojo. Algumas crianças podem ter tido uma má experiência com um determinado alimento e desenvolvem ansiedade ao tentar um novo alimento ou a serem forçados a experimentar a comida novamente.
De acordo com o especialista, uma das intervenções para o problema pode ser a terapia. Métodos como esse ajudam as crianças a lidar com a sensibilidade sensorial e a conviver melhor com experiências alimentares, as quais podem ter sido vistas pelos pequenos com desgosto. Os tratamentos também precisam se adaptar à faixa etária do paciente.