A lógica de Deus: amor e misericórdia
Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Estamos vivendo o tempo quaresmal, caminhada em preparação para a Páscoa. Lembremos que a Quaresma é este tempo que Deus, por meio da Igreja, nos convida à conversão e à penitência. As palavras de Jesus no Evangelho de Marcos são sempre atuais: “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Jesus deu sua vida na cruz por nós. Por isso, somos convidados a gastar a nossa vida pela causa do Reino de Deus. Disse Jesus: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, permanecerá só; mas se morrer, produzirá muito fruto. Quem se apega à sua vida, perde-a. Quem gasta sua vida neste mundo – por causa de mim e do Evangelho – vai guardá-la para a vida eterna” (Jo 12,24-25).
Caros irmãos e irmãs. A 1ª leitura deste domingo, do 2º livro das Crônicas, lembra que Deus, apesar dos pecados do povo de Israel, nunca o abandonou. Embora as infidelidades do povo, Deus sempre permaneceu fiel à sua Aliança, sendo um Deus de “compaixão” e enviando “sua Palavra”. Por isso, na Carta aos Efésios, 2ª leitura deste domingo, o Apóstolo Paulo diz que “Deus é rico em misericórdia” (Ef 2,4). Esta era a compreensão que o povo de Israel tinha de Deus: Ele era infinitamente misericordioso, cheio de ternura e bondade. Por isso, o Evangelho deste domingo diz que “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). E diz mais: “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele” (Jo 3,17). Este é o objetivo último da vinda de Jesus.
Estas palavras do Evangelho de João nos fazem entender que o amor de Deus é oferta gratuita. Ele não nos ama porque sejamos bons ou porque somos menos bons, mas porque Ele é bom, porque Ele quer nos salvar e nos comunicar a vida em plenitude (Jo 10,10). A vida em plenitude se realizou na encarnação e morte de Jesus: “Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único” (Jo 3,16). Deus desprendeu-se do seu Filho único a ponto de entregá-lo em vista da salvação de quem nele crê. Jesus é a personificação do amor de Deus Pai. E Deus “não enviou o seu Filho único para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele” (Jo 3,17). O desejo de Deus é que ninguém se perca. Por meio do profeta Ezequiel, Deus dizia: “Eu não tenho prazer na morte de quem quer que seja. Convertei-vos e vivereis” (Ez 18,32). O plano de Deus é salvar a todos. Sua lógica é a do amor, da misericórdia.
Prezados irmãos e irmãs. O Evangelho mostra ainda que a vida de Jesus faz as pessoas tomarem uma decisão: “Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito” (Jo 3,18). Para o Evangelho de João, o julgamento de Deus se dá aqui neste mundo, no tempo de nossa vida, no confronto com o projeto e a prática de Jesus. O critério é a vivência da fé e o seguimento de Jesus, que é a “luz do mundo” (Jo 8,12). Não é Jesus quem condena as pessoas. Jesus é a “luz que veio ao mundo”, e, portanto, agir conforme a verdade faz aproximar-se da luz, isto é, participa da caminhada da comunidade cristã. Além disso, Jesus foi muito claro quando disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai, senão por mim” (Jo 14,6). Portanto, o caminho para a salvação é agir conforme a verdade, que é Jesus.
Caríssimos irmãos e irmãs. Hoje, a Carta aos Efésios também salienta que a salvação é dom de Deus alcançada pela fé: “É pela graça que sois salvos, mediante a fé”. A fé é compromisso que brota em quem se descobre amado por Deus, que é rico em misericórdia. Pela fé, peçamos então, que o Senhor ilumine nossos corações com a sua graça, a fim de vivermos sempre aquilo que O agrada, alimentando ainda mais em nós, a alegria pela proximidade de sua Páscoa.
Deus abençoe a todos e bom domingo.
Dom Adimir Antonio Mazali Bispo Diocesano de Erexim – RS