“Da Paixão à Esperança da Ressurreição”
Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Em sintonia, neste final do tempo quaresmal e no espírito do Ano Jubilar “Peregrinos de Esperança” e também da Campanha da Fraternidade: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31), celebramos o Domingo de Ramos.
Prezados irmãos e irmãs. Com esta celebração deste Domingo de Ramos, chamado também “Domingo da Paixão”, damos início a Semana Santa. Com os ramos nas mãos seguimos os passos de Jesus na sua entrada triunfal em Jerusalém e com Ele caminhamos rumo ao Calvário. A paixão, morte e ressurreição de Jesus é o acontecimento central de nossa fé, pois é por ele que recebemos a graça da salvação.
Reconhecemos nesta semana a grandeza do evento salvífico realizado por Jesus e contemplado por todos os que N’Ele creem. Uma semana marcada por profunda oração, silêncio, respeito e por uma maior participação de todos nas celebrações da comunidade. Esta participação que não deve ser apenas na “Sexta-feira Santa” ou “Sexta-feira da Paixão”, como assim chamamos, mas também na grande celebração da Páscoa, festa da Ressurreição de Jesus.
A liturgia deste Domingo de Ramos se divide em dois momentos: No primeiro realizamos a Bênção dos Ramos, o qual nos aponta para a chegada de Jesus em Jerusalém, lugar onde irá cumprir sua missão na entrega de si mesmo por obediência ao plano salvador do Pai. Com os ramos nas mãos, todos gritavam: “Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor!” (Lc 19,38). E nós também cantamos: “Hosana ao Filho de Davi”. Assim reconhecemos Jesus como o Messias enviado do Pai, exatamente como fez o povo em Jerusalém. No segundo momento, celebramos a Eucaristia. Iniciamos ouvindo a Palavra de Deus, a qual nos orienta a compreender e viver o seguimento a Cristo, vencedor da morte e da cruz.
Na primeira leitura o Profeta Isaías mostra a atitude do “servo sofredor” que assume com fidelidade a realização do projeto de Deus. Ele é testemunha de sua Palavra no meio de todas as nações e mostra sua confiança no Senhor. Ele diz: “Mas o Senhor é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo… (Is 50,7)”. Esta passagem retrata de antemão a atitude de Jesus que assume a mesma condição com total desprendimento, amor e fidelidade ao plano do Pai para a salvação da humanidade.
O Apóstolo Paulo, na Carta aos Filipenses (2,6-11), revela a espiritualidade que orientou a vida e os passos de Jesus. “Sendo de condição divina, Jesus esvaziou-se a si mesmo, assumiu a condição humana, tornando-se igual aos homens e, como homem, fez-se servo, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte e morte de cruz”. O preço da encarnação foi a cruz. A cruz foi a consequência de sua fidelidade ao plano de Deus Pai. Tudo isso celebramos na Semana Santa. Com o Tríduo Pascal mergulhamos no Mistério Pascal de Cristo, seu esvaziamento total. Na Quinta-feira Santa celebramos a Última Ceia. Com ela Jesus deu as últimas recomendações aos Doze Apóstolos antes de sua morte na cruz. Na instituição da Eucaristia e do Sacerdócio, Jesus se fez alimento para fortalecer os discípulos na fé e na missão. Ao lavar os pés dos Apóstolos, Jesus deu-lhes o exemplo para que fizessem o mesmo (Jo 13,15).
Irmãos e irmãs. Ao contemplarmos e meditarmos a narrativa da paixão e morte de Jesus, na certeza de sua ressurreição e ouvindo o Evangelho deste Domingo de Ramos, somos chamados a compreender que a vida cristã, no seguimento de Jesus, deve ser feita de amor, de serviço, entrega e doação total de si, pelo bem de quem mais precisa. É o que Jesus pede a cada um de nós: sermos solidários a serviço dos irmãos e irmãs, vivendo o desprendimento de nós mesmos, como ele mesmo fez.
Caros irmãos e irmãs. Vivamos esta semana percorrendo com Jesus seus últimos passos entre as realidades deste mundo. Acolhendo seus ensinamentos, aprendamos Dele a sermos obedientes, fiéis e servidores ao plano salvador de Deus para toda a humanidade. “Se com Cristo morremos, com Ele haveremos de ressuscitar” (Rm 6,8). Participemos nas celebrações em nossas comunidades e valorizemos o silêncio, a oração, o jejum e a caridade. Não paremos na Paixão do Senhor, na dor e na tristeza, mas sejamos capazes de chegar com Ele à Páscoa da Ressurreição. Portanto, passemos da paixão à esperança da ressurreição, como “homens e mulheres de esperança”.
Deus abençoe a todos e bom domingo.
Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim – RS