A direção da Triel-HT, com sede em Erechim, divulgou nota oficial, nesta segunda-feira (14), informando que foi surpreendida com a ação de auditores da Receita Federal e agentes da Polícia Federal na sede da empresa, localizada no Distrito Industrial Irany Jaime Farina. A matriz e filial da empresa erechinense foram alvo da Operação Conexão Venezuela, desencadeada em cidades gaúchas e paulistas, visando apurar a prática dos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.
As investigações iniciaram com base em procedimento fiscal da Receita Federal, que identificou pessoas jurídicas no Rio Grande do Sul e em São Paulo realizando transações financeiras atípicas, supostamente no exercício de atividade de intermediação de exportação de máquinas e implementos agrícolas do Brasil para a Venezuela.
Conforme as investigações, empresas sediadas na Venezuela (dentre elas, uma estatal) remeteram vultosos valores ao Brasil, a pretexto de aquisição desses equipamentos. Parte considerável desse montante, porém, não foi destinado aos fabricantes e fornecedores, tendo circulado em contas bancárias diversas e, ao final, remetida ao exterior. Algumas dessas transferências tiveram como beneficiárias pessoas jurídicas sediadas em paraísos fiscais. Parte dos recursos remetidos da estatal venezuelana para o Brasil seria fruto de crime. Apenas no período de 2010 a 2014, os valores movimentados pela organização teriam ultrapassado o montante de R$ 200 milhões, conforme nota distribuída à imprensa pelo Ministério Público Federal, Receita Federal e Polícia Federal.
Equipes da Receita Federal e Polícia Federal cumpriram 14 mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, Canoas, Passo Fundo, Erechim, e nas cidades paulistas de Americana e em São Paulo. Além disso, seis pessoas foram alvos de condução coercitiva.
O superintendente da Receita Federal do Rio Grande do Sul falou com exclusividade à reportagem do Jornal Bom Dia e esclareceu detalhes da Operação Conexão Venezuela.
Segundo Paulo Renato, a investigação sobre os crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e organização criminosa iniciaram há três anos, a partir de uma auditoria da Receita Federal em uma trading com sede na região Norte do RS. A empresa, que atua como intermediária entre empresas fabricantes e compradoras, em operações de exportação e de importação, registrou valores conflitantes em documentos fiscais vistoriados por um auditor da Receita Federal, inclusive em receitas e despesas, além de vias fiscais com valores diferentes.
A descoberta resultou em avanço nas investigações e na identificação de pessoas jurídicas no Rio Grande do Sul e em São Paulo realizando transações financeiras atípicas, supostamente no exercício de atividade de intermediação de exportação de máquinas e implementos agrícolas do Brasil para a Venezuela. O superintendente da Receita Federal não descarta a possibilidade de crime financeiro, pois as transações também envolvem empresas da Venezuela e bancos do Panamá, Estados Unidos e Suíça.
Paulo Renato da Silva Paz ressaltou que os nomes dos envolvidos não serão divulgados, conforme procedimento padrão adotado nestes casos de investigação. Sobre o envolvimento de empresas e pessoas de Erechim, Paulo Renato da Silva Paz ressaltou que “dificilmente os envolvidos não sabiam dos fatos apurados”.
Na nota distribuída à imprensa, a Triel-HT ressalta que em 2011 forneceu um lote de equipamentos diversos para a empresa América Trading, com sede em Passo Fundo, que posteriormente exportou para a Venezuela.
“Todas as operações de venda para a Trading foram legais, contabilizadas, declaradas e publicadas em balanço, pois a empresa é S.A. desde o ano de 2007”, informa o texto. O documento também salienta que as empresas fornecedoras da Trading estão sendo chamadas para prestar esclarecimentos.
Nesta fase da investigação, a Receita Federal e a Polícia Federal irão analisar documentos apreendidos e coletar depoimentos. A direção da Triel-HT confirmou que dois sócios foram convidados a prestar depoimento, em Passo Fundo.