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Próximos prefeitos do RS terão de lidar com prejuízos bilionários da agropecuária

Enchentes de maio que afetaram 478 dos 497 municípios gaúchos trazem impactos financeiros que serão sentidos pelas próximas gestões municipais.

O Rio Grande do Sul é o terceiro maior estado do Brasil em número de municípios, com 497. Desses, as enchentes de maio afetaram 478. De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), o prejuízo no estado foi superior a R$ 13 bilhões.

O maior impacto está no setor habitacional, com perdas de quase 114 mil casas. Já na agropecuária, a baixa estimada é de quase R$ 6 bilhões. Esses números mostram os desafios dos prefeitos que serão escolhidos pela população a partir de 6 de outubro.

Produção leiteira em risco

Produtores em Arroio do Meio, no Vale do Taquari, Arceli e Dorival Junkeen já sofreram três enchentes de setembro para cá. No período, venderam 30 vacas para diminuir o custo. Assim, a produção de leite caiu pela metade.

Um dos maiores problemas do setor leiteiro do Rio Grande do Sul, o quarto segmento de maior Produto Interno Bruto (PIB) do estado é, justamente, a falta de alimento para as criações.

Desafios aos próximos prefeitos

Um dos maiores desafios para as próximas gestões municipais está no Vale do Taquari. A região é formada por 36 municípios, todos eles afetados pelas enchentes e que têm como base de suas arrecadações a agropecuária. Em Estrela, por exemplo, esse volume corresponde a 40%. Em Roca Sales, a 45% e em Arroio do Meio, a 14%, mas, quando somado à indústria, alcança 79%.

De norte a sul do estado, as lavouras de grãos, proteínas, tabaco, silvicultura, olivas, nozes e frutas somaram mais de R$ 98 bilhões no Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2023. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas 47,5% dos prefeitos concorrem à reeleição, o que pode ser explicado por dois motivos: por já estarem no segundo mandato ou pelo desânimo de seguir no cargo.

Para o presidente do Sindicato Rural de Roca Sales, Gilmar Bernstein, as perdas da agropecuária do estado devem fazer a arrecadação dos municípios despencarem.

Os desafios dos próximos quatro anos passam pela recomposição de estradas e pela logística, visto que muitas regiões do Rio Grande do Sul ainda estão com pontes provisórias feitas pelo exército ou pela comunidade, mas que não suportam cargas pesadas. A reconstrução de estruturas de produção e dos solos também podem ser determinantes para manter ou não os produtores na atividade, especialmente em regiões afetadas diretamente pela enchente.

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