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08. Voz da Diocese – 23.02.25


“A Regra de ouro”

 Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. A Eucaristia que celebramos, no espírito do Ano Jubilar, é o memorial da paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus. Nela celebramos a misericórdia de Deus, que nos deu o que mais desejamos: o amor gratuito. A cruz é o sinal mais visível do amor de Jesus pela causa do Reino de Deus. Por isso, o amor é a base da vida de todo o discípulo de Jesus.

Prezados irmãos e irmãs. Após anunciar as bem-aventuranças, Evangelho de domingo passado, dirigindo-se aos discípulos, Jesus foi contundente, dizendo-lhes: “Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei aos que vos amaldiçoam e rezai por aqueles que vos caluniam (Lc 6,27-28). Amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca” (Lc 6,35). Seguramente, estas palavras de Jesus são suas palavras mais difíceis para viver. O que podemos fazer diante delas? Amar um amigo, uma amiga é fácil. Jesus, porém, pede para amar aquele que é “inimigo”!

Ao falar do amor ao inimigo, Jesus não está pensando num sentimento de afeto e carinho para com ele, mas numa atitude humana em vista de seu bem. Para Jesus, uma pessoa é plenamente humana e madura quando o amor pleno está na base de suas relações. Quando amamos somente aqueles que nos amam, impedimos que o amor transforme o conjunto das relações sociais. Jesus rompe com um modo de se relacionar, pois para com os inimigos a relação nunca foi de amor. Pedindo para amar os inimigos, Jesus quebra as relações construídas a partir de interesses egoístas. O amor que Jesus propõe não é um amor romântico, mas o rompimento de toda forma de opressão e exploração das pessoas. A proposta de Jesus é a gratuidade, a doação, o bem querer entre todas as pessoas.

Irmãos e irmãs. Depois de pedir o amor aos inimigos, Jesus apresentou aquilo que é conhecido como a regra de ouro: O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles (Lc 6,31). Na forma negativa, este ensinamento encontra-se no Antigo Testamento, no livro de Tobias: “Não faças a ninguém o que não queres que te façam” (Tb 4,15). Trata-se de uma máxima do relacionamento humano. Somente quando nos colocamos no lugar do outro, quando nos envolvemos com o nosso próximo, percebemos suas mais profundas necessidades. A aspiração mais profunda do ser humano é o desejo de viver, amar e ser amado. Este é o fundamento de toda e qualquer relação humana. Por isso, Jesus completou seu ensinamento com as seguintes afirmações: “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e vos será dado. Com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos” (Lc 6,36-38).

Caros irmãos e irmãs. O fundamento do amor, da misericórdia, do perdão está fora de nós, encontra-se em Deus. Somos convidados a amar porque “Deus é Amor” e nos ama. Somos convidados a perdoar porque Deus é compaixão e misericórdia. Assim reza o salmista: Deus “te perdoa toda a culpa e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva tua vida e te cerca de carinho e compaixão. O Senhor é indulgente e favorável, é paciente, bondoso e compassivo. Não nos trata como exigem nossas faltas, nem nos pune em proporção a nossas culpas. Como um pai se compadece de seus filhos, o Senhor tem compaixão dos que o temem” (Sl 102). Aquele que faz a experiência do amor e do perdão de Deus é capaz de amar e perdoar. “Perdoai-vos mutuamente como Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4,32). Por isso, não se pode exigir de ninguém o perdão como um dever social. Juridicamente não há a exigência do perdão. O perdão é um ato de amor, fruto da experiência de se sentir perdoado por Deus. Sem amor a vida se esvazia de sentido. Se alguém não se sente amado, embora tenha de tudo, na realidade não tem nada, porque o vazio de amor não pode ser preenchido com coisas. Por isso, “o que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles”. É o amor que gera esperança de transformação. É isto que Jesus viveu e é isto que Ele nos pede em nossas relações humanas.

Deus abençoe a todos e bom domingo.

Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim – RS

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