O caminho de quem sabe amar como Jesus
Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Nesta Quinta-feira que passou, dia 19 de junho, celebramos a Solenidade de “Corpus Christi”. Por meio dela, nós, cristãos, louvamos a Deus pelo Pão do Céu que Ele nos concede na Eucaristia, deixada por Jesus na Última Ceia, memorial perpétuo de seu Mistério Pascal. Celebramos este Mistério no compromisso da solidariedade e da partilha fraterna. Iluminados pelo Evangelho, celebramos o dom do Sacramento da Eucaristia, ceia prodigiosa pela qual o Senhor Ressuscitado alimenta e sacia a vida de cada um de nós e a missão da Igreja.
Caríssimos irmãos e irmãs. Após as festas de todo o Ciclo Pascal, retomamos neste domingo o Tempo Comum. Nele vivemos os acontecimentos, as palavras e as obras realizadas por Jesus, em sua vida e ministério com seus discípulos. As palavras e os sinais realizados por Jesus são portadores de seu ensinamento, convidando-nos a seguir seus passos, como ele mesmo diz no Evangelho de hoje: “Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lc 19,24).
O Evangelho deste domingo (Lc 9,18-24) inicia descrevendo que “Jesus estava rezando num lugar retirado e os discípulos estavam com ele” (Lc 9,18). Significa que os grandes momentos da vida de Jesus e suas maiores opções nascem de sua comunhão com o Pai na oração. Neste momento de oração, Jesus perguntou aos discípulos: “Quem diz o povo que eu sou?” (Lc 9,18). Eles, então, responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou” (Lc 9,19). A resposta dos discípulos faz entender que as pessoas não chegaram a descobrir a sua verdadeira identidade. Jesus, para o povo, era confundido com os antigos profetas. Diante disto, Jesus perguntou-lhes: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Lc 9,20). Pedro respondeu: “Tu és o Cristo de Deus” (Lc 9,20). Essa resposta de Pedro é a grande profissão de fé dos discípulos. Como Pedro, somos também convidados a professar a nossa fé em Cristo, a professá-la não apenas por rituais, mas com atitudes de serviço e comunhão com as pessoas. “Jesus Cristo é nossa esperança” (1Tm 1,1). A fé em Jesus Cristo abre, portanto, um horizonte novo e dá um sentido novo à nossa vida.
Irmãos e irmãs. Ao ouvir a resposta de Pedro, Jesus proibiu-os de contar essas coisas às pessoas (Lc 9,21) e revelou-lhes que tipo de Messias ele era: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia” (Lc 9,22). Significa que o messianismo de Jesus é marcado pela incompreensão dos poderosos. Jesus tinha plena consciência de que, ao dirigir-se a Jerusalém, iria enfrentar as classes dominantes. Em suas mãos ele seria morto, pois seu ensinamento e sua prática opunham-se à prática das autoridades de Jerusalém. Porém, Jesus tinha plena consciência de que é Deus quem tem o poder maior: no terceiro dia Ele o ressuscitaria. Para Jesus, Deus Pai tem a força maior.
Por isso, Jesus concluiu sua fala convidando os discípulos a carregarem a cruz: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lc 9,23-24). Para ser verdadeiro discípulo de Jesus, necessita-se de três requisitos: renunciar a si mesmo: significa desfazer-se de toda a ambição pessoal, ser pobre, desprendido e romper com a sociedade que não compactua com Jesus e seu projeto; carregar a cruz cada dia: ou seja, não ter medo da perseguição, da incompreensão, da rejeição. Portanto, seguir Jesus é colocar-se no caminho de Jesus, acolhendo seu exemplo e seu ensinamento. Isso significa “perder” a vida, para salvá-la. Somente a vivência do Evangelho é causa de vida e salvação para toda e qualquer pessoa.
Prezados irmãos e irmãs. O seguimento a Jesus Cristo se dá na capacidade de acolher sua proposta de vida, compreendendo seus ensinamentos e sem medo da cruz, pois foi nela que Ele demonstrou a grandeza de seu amor por nós. Da mesma forma, responder sim ao Seu convite para tomar a cruz e seguí-Lo significa colocar em prática o mandamento deixado por Ele: “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12).
Deus abençoe a todos e bom domingo.
Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim – RS
