Dividir um comprimido ao meio é algo que parece inofensivo, mas pode causar sérios problemas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária mantém em seu site um alerta sobre os riscos dessa prática, que pode levar até a uma intoxicação. Na Europa, desde 1998 existem campanhas que desencorajam a partição. Somente aqueles comprimidos com sulcos (vincos que parecem dividir o medicamento) podem ser cortados.
– Dependendo do tipo de comprimido, os riscos podem ser grandes. Os revestidos são os que merecem mais atenção, pois o revestimento é necessário e protege o fármaco da ação da luz, do ar e da umidade, que provocam a degradação da substância ativa e a perda da ação. Os comprimidos com revestimento gastrorresistentes, que liberam a substância ativa no intestino, deixam de proteger o fármaco da ação do ácido gástrico e podem provocar irritação da mucosa gástrica – explica Denise Milão, professora de controle de qualidade de medicamentos na PUCRS.
Medicamentos de liberação modificada, desenvolvidos para liberar a substância ativa gradualmente no organismo, também não podem ser partidos. Pode ocorrer uma liberação errada do medicamento no corpo, que pode absorver uma dose maior que a indicada.
– É preciso também evitar o esfarelamento, pois compromete a administração correta. Na dúvida, procure a orientação de um farmacêutico, ele pode ajudar com informações corretas sobre cada tipo de medicamento – explica Denise.
Quando a dose ingerida é muito baixa, perde-se o efeito do medicamento. Quando é alta, pode causar intoxicação, que tende a ser ainda mais grave para as crianças.
Além de não partir, existe uma forma correta de ingerir os comprimidos. Segundo Denise, o ideal é tomar o remédio com água e de pé. Isso garante que o medicamento seja diluído e não fique preso ao esôfago.
Além disso, alguns medicamentos não são absorvidos adequadamente quando administrados próximo ou durante as refeições. Os alimentos diminuem a absorção dos fármacos e alguns medicamentos podem reduzir a absorção dos nutrientes.