Na homilia que marcou a missa de abertura do conclave, realizada nesta quarta-feira (07), o cardeal decano Giovanni Battista Re fez um apelo por sabedoria e discernimento aos cardeais que escolherão o sucessor do papa Francisco. Re pediu que o Espírito Santo ilumine o colégio cardinalício para que seja eleito um pontífice capaz de guiar a Igreja e a humanidade neste período de complexidade e incertezas.
“Estamos reunidos para invocar a ajuda do Espírito Santo, pedindo sua luz e sua força, para que seja escolhido o papa que a Igreja e o mundo tanto necessitam neste momento difícil da história”, afirmou o cardeal.
Entre as responsabilidades do futuro papa, Re destacou a missão de fortalecer a unidade da Igreja Católica. “A unidade desejada por Cristo não é uniformidade, mas uma comunhão sólida e profunda na diversidade, sempre enraizada na fidelidade ao Evangelho”, pontuou.
Ele ressaltou ainda que cabe ao sucessor de Pedro promover a comunhão em múltiplas dimensões: entre todos os cristãos e Cristo, entre os bispos e o papa, e entre os próprios bispos. “Não se trata de uma comunhão autorreferencial, mas voltada para a aproximação entre pessoas, povos e culturas, fazendo da Igreja uma verdadeira ‘casa e escola de comunhão’”, completou.
Encerrada a missa, os cardeais seguiram em procissão até a Capela Sistina, entoando o hino Veni Creator — uma invocação ao Espírito Santo — antes de iniciarem formalmente o conclave. No local, prestaram juramento de sigilo absoluto sobre todo o processo de votação.
A expectativa é que a eleição do novo pontífice se estenda por dois a três dias. O termo “conclave” deriva do latim cum clavis, que significa “fechado à chave”, em referência ao isolamento dos cardeais durante a escolha. No total, 133 cardeais com menos de 80 anos estão aptos a votar, incluindo sete brasileiros.
Como o Vaticano produz a fumaça que anuncia a escolha do novo papa
Desde 2005, o Vaticano adotou um sistema moderno e mais eficiente para produzir a famosa fumaça que sinaliza o resultado das votações do conclave. A tradicional queima de cédulas e palha úmida, utilizada por séculos, foi substituída por um mecanismo eletrônico que utiliza cartuchos pirotécnicos, garantindo maior visibilidade da fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina.
O método combina princípios químicos e físicos para criar fumaça de duas cores distintas: a preta, que indica que ainda não houve consenso entre os cardeais, e a branca, que anuncia a eleição de um novo papa. Para isso, são usados compostos específicos: lactose gera a fumaça branca, enquanto a naftalina é responsável pela fumaça preta.
Esses materiais, ao serem queimados de forma controlada, produzem partículas que permanecem suspensas no ar, visíveis a grandes distâncias.
A implementação desse sistema foi motivada por dificuldades do método antigo, que nem sempre produzia uma fumaça densa o suficiente para ser claramente percebida pelos fiéis reunidos na Praça de São Pedro. O aprimoramento foi desenvolvido com a ajuda de especialistas em pirotecnia, a pedido do próprio Vaticano.