Em um mundo onde a segurança alimentar e a sustentabilidade se tornam cada vez mais essenciais, iniciativas como a do Circuito de Alimentos Agroecológicos mostram que é possível produzir alimentos saudáveis, gerar renda para as famílias agricultoras e preservar o meio ambiente. A demanda por alimentos agroecológicos é crescente e um dos desafios é ampliar a produção, diminuindo a penosidade do trabalho e facilitando a logística de transporte.
Na quinta-feira, 25 de abril, representantes das estações que compõem o Circuito estiveram reunidos na Estação Três Arroios, na sede da ECOTERRA (Associação Regional de Cooperação e Agroecologia), em Três Arroios/RS. O evento público teve o objetivo de divulgar as ações do projeto “Circuito de Produtos Agroecológicos do Brasil”, que conta com o apoio financeiro da Fundação Banco do Brasil (FBB), com um investimento de R$ 3,8 milhões. O evento reuniu agricultores familiares, agentes de comercialização, lideranças regionais e autoridades.
Coletividade e tecnologia
A coordenadora geral da ECOTERRA, Andressa Aparecida Martins, destacou que a agroecologia é um trabalho coletivo: “Este é um dia de agradecimento e comemoração. Agradeço a todos que fazem e apoiam a agroecologia – rurais, urbanos e, especialmente ao CETAP, que nos presta assessoria desde o início”.
Já um dos coordenadores do Circuito, Gilmar Ostrovski, enfatizou o impacto dos maquinários adquiridos através do projeto: “Ainda não caiu a ficha de que agora temos máquinas para colheita, limpeza e plantio. Plantávamos beterraba em canteiros manualmente; com a plantadeira, multiplicamos nossa capacidade. É uma alegria ver a tecnologia chegando ao pequeno agricultor”.
Gisemara Polli Ostrovski (Três Arroios/RS), Antenor Antônio Carraro Junior (Vacaria/RS), Mateus de Souza (São José do Cerito/SC) e Carla Suliani (São Marcos/RS) fizeram um relato sobre o envolvimento da juventude no Circuito, destacando o crescente envolvimento com a produção de alimentos, a logística e a gestão das estações. A temática da sucessão rural e formas de ampliar a participação da juventude na agroecologia é uma preocupação constante no planejamento das ações do Circuito.
O projeto
Os R$ 3,8 milhões em recursos da FBB foram destinados à aquisição de uma colheitadeira de grãos, uma selecionadora de grãos a laser, embaladoras de bandejas a vácuo, câmaras frias, tratores, plantadeira, um polidor de grãos e veículos para logística, que modernizarão todas as etapas da produção e transporte.
Cláudio Brennand, representante da FBB, explicou que o investimento abrange toda a cadeia produtiva: “O Circuito Agroecológico envolve 15 municípios, incluindo Curitiba e São Paulo, com planejamento de produção, logística integrada e comercialização direta”. Ele citou parcerias como o PNAE, o PAA e o Instituto Chão (SP), reforçando o papel da agroecologia no combate à fome com alimentos saudáveis e também o acesso da população dos grandes centros urbanos a estes alimentos.
Sobre o Circuito Agroecológico
A rede conecta famílias dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. O Circuito está organizado em dez estações, sendo sete de produção e comercialização: Estação Três Arroios, na região Alto Uruguai (RS), Estação Vacaria, nos Campos de Cima da Serra (RS), Estação Caxias, Estação Ipê e Estação São Marcos, na Serra Gaúcha, Estação Monte Negro, na região Metropolitana de Porto Alegre e Estação do Cerrito, na região Serrana Catarinense. Além de três estações exclusivamente de comercialização: Estação Curitiba (PR), Estação São Paulo e Instituto Chão, na capital paulista. Semanalmente são comercializadas 130 toneladas de alimentos orgânicos.
