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Gengivite é principal causa de perda dos dentes em idosos

De acordo com o Instituto de Pesquisa Dental e Craniofacial dos Estados Unidos (NIDCR), a cárie é a doença crônica mais comum entre pessoas acima dos 60 anos. Já a gengivite é a causa mais recorrente para a perda dos dentes – indicador sensível da saúde oral. Estudos revelam que, na maioria dos casos, a gengivite é resultado de falta de cuidados com a higiene bucal, com escovações e uso de fio dental diariamente. Por conta disso, muitos idosos ainda recorrem ao uso de dentaduras (próteses totais), que, além de alterar as feições do rosto, mudam para sempre o jeito com que a pessoa mastiga, causando limitações ao longo do tempo. Como muitos ainda não podem recorrer aos implantes, a melhor forma de evitar essa situação é investir na prevenção e cuidar bem dos dentes naturais.

Artur Cerri, diretor da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), explica que a gengivite é uma doença periodontal que causa irritação, vermelhidão e inchaço da gengiva. Nos casos mais graves, a sustentação dos dentes fica comprometida e pode haver perdas. Cerri diz que a gengivite pode ser prevenida mediante escovação regular (mínimo de duas vezes ao dia), uso de fio dental e visitas regulares ao cirurgião-dentista. “É importante que todos se conscientizem, também, de que uma saúde bucal comprometida pode impactar diretamente o aspecto nutricional dos idosos. Nesse sentido, como um efeito dominó, há também perda de qualidade de vida, de bem-estar e autoestima”.

De acordo com o diretor da EAP, antes mesmo do surgimento da gengivite, um relevante problema que deve ser combatido é a boca seca, já que uma pessoa de 60 anos tem metade da quantidade de saliva de um jovem. Com a boca seca e desconfortável, a deglutição se torna mais difícil e a resistência bucal diminui, aumentando a dificuldade de mastigação. Quando essa condição passa despercebida e não é tratada a tempo, pode resultar na perda dos dentes. A síndrome da boca seca acelera o aparecimento de cárie, infecções bucais e, principalmente, gengivite – e compromete não só os dentes do idoso, como também sua saúde geral, já que ele passa naturalmente a comer menos e ingerir apenas alimentos macios ou líquidos.

“Trata-se de um ciclo vicioso que precisa ser interrompido. Ao controlar a síndrome da boca seca, conseguimos manter a saúde oral do paciente em ordem e evitar inflamações e infecções que levam a uma alimentação deficiente e, por conseguinte, comprometem sua disposição física e mental”. O especialista diz que, com o tempo, até mesmo o paladar pode sofrer alterações. Por isso, recomenda a esses pacientes uma excelente higiene oral, contando com enxágues bucais diversas vezes ao dia, além da ingestão de líquidos e de alimentos com alto teor de água. “O idoso deve cortar o alimento em pedaços pequenos, acrescentando, por exemplo, uma boa fatia de melancia, abacaxi, ou melão ao prato principal. Essa rotina controla os efeitos da boca seca durante as refeições e evita que o idoso passe a comer menos e fique com a musculatura oral enfraquecida. Quanto mais tempo puder permanecer com seus dentes naturais, tanto melhor para sua saúde e bem-estar”.

Na opinião de Artur Cerri, apesar de ter havido um aumento significativo nos cuidados de saúde bucal do brasileiro nos últimos dez anos, os idosos claramente ainda sofrem por problemas que podem ser evitados. “Evoluímos muito com relação ao acesso da população aos serviços de saúde bucal. O Brasil, inclusive, integra um grupo seleto de países que incluíram a saúde bucal no SUS – sistema de saúde de acesso universal e gratuito. O programa Brasil Sorridente resultou na criação de mais de mil Centros de Especialidades Odontológicas em todo o país. A APCD também tem se empenhado nesse sentido, realizando com sucesso a Campanha de Prevenção e Tratamento do Câncer de Boca. Ainda assim, são necessárias mais campanhas e ações que possibilitem aos idosos um tratamento bucal adequado e a recuperação da saúde”.

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