A primeira onda de frio deste ano está prevista para atingir o Brasil na próxima semana, com possibilidade de causar quedas bruscas de temperatura não apenas na Região Sul, mas também em grande parte do Sudeste, Centro-Oeste e até em Estados da Região Norte, como Rondônia, Acre e sul do Amazonas.
Os meteorologistas alertam que uma potente massa de ar frio de origem polar avançará sobre a América do Sul. Diferentemente das típicas massas de ar que perdem intensidade ao passar pelo oceano, esta terá características continentais, deslocando-se pelo interior do continente.
Isso significa que seu poder de resfriamento será maior, podendo levar temperaturas baixas para regiões onde esse fenômeno não é comum.
A previsão indica que o frio chegará em dois pulsos:
– Primeiro pulso (27 a 30 de maio): A frente fria começará a afetar o Sul e Mato Grosso do Sul no dia 27, espalhando-se para partes de São Paulo e Mato Grosso no dia 28. Entre 29 e 30 de maio, o ar polar já deve provocar quedas acentuadas na temperatura no Sul, Mato Grosso do Sul e oeste de Mato Grosso.
– Segundo pulso (31 de maio a 1º de junho): Reforçará o resfriamento, empurrando o frio de vez para o Sudeste e Centro-Oeste.
A previsão aponta que os termômetros podem marcar abaixo de 0 °C nos três Estados da região Sul do Brasil, incluindo em áreas fora das serras. Há possibilidade de geadas generalizadas, algumas com intensidade moderada a forte, representando risco para a agricultura. Em São Paulo e Mato Grosso do Sul, temperaturas um pouco abaixo de 0 °C também não estão descartadas.
Além disso, os meteorologistas do Climatempo não descartam a ocorrência de neve ou outros fenômenos invernais no Sul do Brasil, especialmente se um ciclone extratropical se formar no oceano, trazendo umidade adicional.
Em entrevista ao Terra, a meteorologista Andrea Ramos destacou que o País está no outono, estação de transição que já apresenta características do inverno entre maio e junho, com a chegada constante de massas de ar frio. Ela explica que, este ano, o sistema climático apresenta uma característica de neutralidade.
“Nos últimos dois anos, tivemos o El Niño, que tem uma condição de aquecimento, o que atenuou a percepção das estações. A La Niña é um fenômeno que já é mais frio, e até ocorreu no final do ano passado, início desse ano, mas não conseguiu esfriar a temperatura, até por conta desses dois últimos anos do El Niño.”
A especialista complementa: “Inclusive, o ano de 2024 foi caracterizado como o mais quente já registrado na história segundo a OMM, que é a Organização Meteorológica Mundial. Então, esse ano, a gente está na neutralidade. E o que isso significa? Que vai prevalecer o que é visto nas estações do ano”.
Se confirmada a trajetória continental da massa de ar, o frio intenso poderá chegar a Rondônia, Acre e sul do Amazonas, provocando o fenômeno da friagem — quando temperaturas caem significativamente, podendo atingir até 10 °C em algumas áreas.
Com a intensidade projetada, os primeiros dias de junho podem bater recordes de baixa temperatura em várias regiões. Até agora, o menor registro de 2025 foi de -3,2 °C em São Joaquim (SC), mas esse marco pode ser superado.