Com “otimismo moderado”, a secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão do Rio Grande do Sul apresentou na tarde desta quinta-feira o crescimento de 0,9% no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado no primeiro trimestre de 2019. O índice é considerado favorável pelo governo, apesar de não alcançar a marca de um ponto percentual. “Existe um crescimento que é maior que o do Brasil, mas que não é como gostaríamos ou que seria necessário para uma situação melhor, com geração de emprego, de renda e aumento da arrecadação. Nem sempre estar melhor que o País é necessariamente muito bom, porque o País não está muito bem”, comentou a titular da pasta, Leany Lemos.
A variação positiva foi alavancada sobretudo pela indústria, que avançou de 5,6%. “Com a queda que temos desde 2013, a base de comparação está reprimida e a capacidade ociosa ainda é grande, mas a boa notícia é que está reagindo. Chamam a atenção veículos automotores, reboques e carrocerias, bebidas e derivados de petróleos e biocombustíveis. Foram os que contribuíram mais”, explicou o pesquisador Eduardo Zylberstajn, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), responsável pelo cálculo do PIB no Estado desde a extinção da Fundação de Economia e Estatística, no ano passado.
O setor de comércio também teve índice positivo, de 3,3%. No sentido contrário, serviços caiu 0,4%, e Construção Civil, 3,8%. O maior recuo ficou na Agropecuária, 4,4%, impactado pela fraca colheita de arroz e uva, duas das principais produções do Estado. Sem projetar números para o próprio trimestre, Zylberstajn estimou que a safra da soja deve melhorar o índice no setor no restante do ano. “Este produto é praticamente 50% da agricultura gaúcha, tem um peso muito grande na economia, e deve ter valores muito positivos. Isso vai contribuir. A colheita começou em fevereiro, mas impactos devem aparecer nas próximas medições”, afirmou.
O índice de 0,9% é o menor desde o segundo trimestre de 2018, quando houve queda de 1,2%. “Viemos de um longo período de recessão, e as primeiros medições após esse período são sempre de grande impacto. Agora, o que vemos é uma queda, a economia não está apontando para uma uma recuperação robusta”, avaliou a titular da pasta de Planejamento. Apesar de acreditar em uma melhora nos próximos trimestres, Leany argumentou que Estado não tem capacidade financeira própria para implementar medidas que incentivem a indústria.
Para isso, ela explicou que o plano do governador Eduardo Leite aposta em medidas para “gerar um ambiente favorável”, como “políticas de privatizações e parcerias público-privadas para atrair investimentos e melhorar a questão fiscal”. Em nível nacional, ela destacou o andamento da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, mas lamentou a retirada de estados e municípios do texto, considerando que a inclusão auxiliaria no controle das contas públicas.
Retomada do cálculo
Leany também anunciou que a secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão deve retomar a produção de cálculos do PIB com equipe própria do Departamento de Economia e Estatística (DEE). O contrato com a Fipe continuará, mas será revisto; haverá redução de produtos analisados pela Fundação. A medida deve gerar uma economia de cerca de R$ 700 mil.