Segue o plantio do trigo no Rio Grande do Sul, com 75% das áreas previstas para esta safra já semeadas. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), nesta quinta-feira (1º), as lavouras implantadas estão em emergência e desenvolvimento vegetativo inicial, com bom estande de plantas e boa sanidade.
Na região de Santa Rosa, onde o plantio do trigo atinge 82% da área, a semeadura ocorreu somente em topo de coxilhas e solos bem drenados. O volume significativo de chuvas, aliado aos dias nublados com baixa temperaturas, resultou em acumulação de água em baixadas e áreas mal drenadas, e a falta de sol causa uma coloração mais amarelada nas plantas recém-emergidas, apesar de que a condição de menor temperatura tem contribuído para a boa sanidade das plantas. Produtores se preparam para a adubação de cobertura nitrogenada, já que as lavouras emergiram há cerca de 30 dias, intervalo recomendado para esse manejo. Produtores aguardam a ocorrência de geadas para promover o maior perfilhamento das plantas. A semeadura do trigo deverá se intensificar nesta semana com a melhoria do tempo e redução da umidade do solo, pois essa época é considerada a melhor para o plantio por evitar possíveis perdas por geadas em setembro quando ocorre floração do trigo, fase de desenvolvimento suscetível a grandes perdas pelo frio.
Na regional de Bagé, a perspectiva é de expansão de cerca de 25% da área de trigo em relação à do ano anterior, atingindo em torno de 103 mil hectares de cultivo em 2021. O aumento significativo de área foi condicionado pelos resultados favoráveis da última safra e pela perspectiva de rendimentos satisfatórios, considerando a cotação do produto. As expectativas de área levantadas em maio foram superadas, com aumento expressivo em parte da Fronteira Oeste, como em Alegrete, onde a área foi triplicada, e com a retomada dos cultivos em municípios que não cultivaram no ano anterior, como Dom Pedrito, na Campanha. Cultura em implantação. Estima-se que 60% das lavouras tenham sido semeadas.
Canola – Na regional de Santa Rosa, 82% da área está na fase de germinação e desenvolvimento vegetativo e 17% das lavouras já estão em florescimento e 1% na fase de enchimento das síliquas. A cultura apresentou bom desenvolvimento nas últimas semanas e porte aproximado de 20 centímetros. Com o clima mais úmido, produtores estão atentos à ocorrência de doenças foliares e no caule. Outra preocupação são as lavouras em estádios reprodutivos, como floração e enchimento de grãos, em função da perspectiva de ocorrência de geadas nesta semana. Já na regional da Emater/RS-Ascar de Ijuí, a cultura está em estádio de desenvolvimento das folhas da haste principal e inicia a emissão dos brotos laterais, se aproximando do estádio de roseta, muito importante para a resistência a geadas. Produtores realizam o controle de ervas daninhas e a aplicação de adubação nitrogenada em cobertura. O preço médio é de R$ 128,50/sc. de 60 quilos.
Aveia branca grão – Na regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, a cultura apresenta bom desempenho. Das lavouras, 80% se encontram em desenvolvimento vegetativo e 20% em floração. Na de Soledade, a totalidade das lavouras estão implantadas. Da mesma forma que com o trigo, as condições climáticas da semana favoreceram a cultura, proporcionando condições adequadas de desenvolvimento vegetativo inicial.
Cevada – Nas regionais de Frederico Westphalen e Soledade, lavouras estão em desenvolvimento vegetativo. Na de Erechim, entre 60 e 70% do plantio está concluído; cultivos em germinação e desenvolvimento vegetativo. As chuvas da última semana prejudicaram o andamento do plantio e acumularam perdas por erosão. Na regional de Ijuí, há redução significativa da área cultivada com cevada devido à retração do mercado comprador. O produtor não tem garantia de recebimento do cereal nas unidades mais próximas de suas lavouras e não conta com logística para transporte até o centro comprador de Passo Fundo. As lavouras implantadas estão com boa emergência, em estádio de desenvolvimento vegetativo e estabelecimento inicial adequado.
Pastagens e criações
O excesso de chuvas, a baixa insolação e o frio intenso estão sendo prejudiciais à maior parte das áreas com espécies forrageiras. Sob tais condições, o campo nativo praticamente não oferta forragem, e com a falta de radiação solar e o excesso de umidade no solo até as espécies cultivadas de inverno reduziram a capacidade de rebrote. Nas áreas diferidas e com carga moderada de animais ainda são observadas algumas touceiras de plantas com valor forrageiro, porém de pouca qualidade.
Na maior parte das regiões, as pastagens com azevém continuam relativamente atrasadas, sem condições de manter carga animal significativa em grande parte das propriedades. Em áreas onde a aveia apresentava porte maior, foi observado o acamamento das plantas em função das fortes rajadas de vento. A alta umidade no solo nas áreas em pastoreio facilitou o arranquio de plantas e o amassamento pelo pisoteio, reduzindo a qualidade e capacidade de rebrote.
Bovinocultura de leite – Gradativamente, os criadores estão superando o vazio forrageiro. A produção leiteira aumentou devido à maior utilização das pastagens cultivadas de inverno e também ao acréscimo de animais em parição. Porém o excesso de chuvas e o frio intenso durante o final da semana dificultam o acesso às pastagens cultivadas, aumentando a necessidade de maior suplementação com silagem e ração aos animais.
Em termos sanitários, há considerável melhora em relação à presença de ectoparasitos, porém novamente houve problemas com mastites e com a qualidade do leite, provavelmente relacionados ao acúmulo de barro nos locais de acesso à ordenha ou de descanso dos animais. Essa condição também dificulta o trabalho e o manejo, sendo desconfortável tanto para os animais quanto para os produtores que precisam realizar as atividades de manejo a campo.
Em relação ao mercado, houve um aumento significativo do preço das vacas e novilhas prenhes, com progressiva redução da oferta dessas categorias. Com a valorização da pecuária de corte, o valor de comercialização de terneiros e vacas de descarte obteve aumento. Há tendência de reajuste a maior no preço pago por litro de leite ao produtor, o que tem deixado os produtores novamente satisfeitos com a atividade, apesar do custo de produção, que continua elevado.
Apicultura – As condições meteorológicas não foram favoráveis à apicultura, devido ao excesso de umidade e de frio, impedindo a movimentação externa das abelhas e aumentando o consumo das reservas internas das colmeias. Com isso foram intensificados o monitoramento e o fornecimento de alimentação energética artificial. Os produtores gaúchos realizam os manejos de inverno, com práticas como controle da varroa, diminuição do alvado, revisão no ninho para troca de quadros velhos, inspeção das crias e da postura da rainha e reserva de mel. Muitos aproveitam o período para construir caixas novas, reparar caixilhos e melgueiras, fazer reaproveitamento da cera descartada, entre outras atividades necessárias, externas às colmeias propriamente ditas.