Em 19 de março do ano passado, o Rio Grande do Sul decretou situação de calamidade pública para fins de prevenção e enfrentamento à pandemia de covid-19. Concomitantemente, o Estado enfrentou uma epidemia de casos de dengue, com a ocorrência de óbitos.
Na região da 11ª Coordenadoria de Saúde (CRS), em Erechim, somente neste ano já foram confirmados 50 casos de dengue. O cenário é preocupante, visto que entre 2019 e 2020 o município de Erechim registrou apenas 1 caso.
Diante disso, a 11ª CRS por meio da Vigilância Ambiental em Saúde e Vigilância Epidemiológica, emitiu um alerta para os 33 municípios.
Além de apoiar as ações de Vigilância e Controle no município de Erechim, a Vigilância Ambiental em Saúde solicitou junto ao Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), o equipamento veicular pesado, popularmente chamado de “fumacê”.
O aparelho foi um empréstimo da 2ª CRS de Frederico Westphalen, sendo utilizado para a aplicação de inseticida em áreas restritas do município, com grande ocorrência de casos de dengue.
A médica veterinária e coordenadora da Vigilância Ambiental, Maria Helena Dalmaso, salienta que essa é uma medida pontual para eliminar fêmeas do mosquito que estejam possivelmente contaminadas com o vírus da dengue e que poderão produzir mais casos nos próximos dias. “Contudo, para contermos esse aumento de casos, precisamos principalmente reduzirmos a população de mosquitos, o que pode ser feito por meio da eliminação de depósitos de água limpa e parada. A população tem um papel importante neste processo. O ponto chave é impedir o nascimento de mosquitos Aedes aegypti. Assim, o risco de adoecermos por dengue será menor”, reforça.
O coordenador regional de Saúde, Fábio Fantin, destaca que está muito preocupado com o aumento expressivo de casos de dengue na região. “No caso de Erechim, grande parte dos Bairros São Cristóvão e Aeroporto merece uma atenção especial mas o alerta vai à toda comunidade: vamos reforçar os cuidados na própria casa e terrenos baldios. Se alguém ver alguma situação contrária, pode efetuar a denúncia”, orienta.
Relato de quem está em recuperação
A aposentada Elsa Domingues, de 65 anos, reside no Bairro São Cristóvão, em Erechim e está em fase de recuperação após receber o diagnóstico de dengue no último fim de semana.
Em entrevista via telefone ao Bom Dia, ela relata que os sintomas são muito parecidos com os apresentados nos quadros de covid-19. “Tive febre, vômito, dor no corpo, falta de apetite. Fui ao hospital algumas vezes, recebia medicação e não melhorava. No fim de semana tive uma espécie de alergia no corpo mas agora estou melhor”, explica, citando que, além de remédios, a orientação foi para que intensificasse a ingestão de água.
Elsa afirma que é uma situação bem delicada, pois não é possível saber onde ocorreu a contaminação e os sintomas podem começar a se manifestar entre 15 e 21 dias. “Antes não tinha o hábito de usar o repelente mas hoje faço a aplicação até mesmo dentro de casa”, acrescenta, citando, ainda, que todos devem manter os cuidados de limpeza e organização de seus terrenos.
Fique atento
A dengue é uma doença febril aguda, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti que se espalha mais rapidamente no mundo e pode apresentar um amplo espectro clínico: enquanto a maioria dos pacientes se recupera após evolução clínica leve e autolimitada, uma pequena parte progride para doença grave.
Uma vez identificado um caso suspeito de dengue, as equipes de saúde atuam de forma conjunta para a detecção de casos novos em tempo hábil, sendo que uma resposta rápida e apropriada é essencial para minimizar o risco de transmissão em âmbito regional e potencializar o trabalho no manejo desta doença.