Desde janeiro de 2015 o governo do Rio Grande do Sul tem adotado uma política de redução de gastos por conta da situação financeira no estado. Mas em 2016, as despesas com diárias e passagens do Executivo estadual aumentaram 13,18% entre janeiro e outubro, em relação ao mesmo período do ano passado.
O valor gasto a mais passa de 9,3 milhões, conforme dados disponíveis no Portal da Transparência do governo do estado.
Em dezembro de 2015, foram entregues quatro viaturas à Brigada Militar, bombeiros e Polícia Civil de Passo Fundo, no Norte do estado, ao custo total de R$ 240 mil. O valor gasto a mais com viagens seria o suficiente, por exemplo, para a aquisição de 155 viaturas.
Se o recurso fosse convertido na compra de armamento, para citar outro exemplo, seria possível adquirir 5.067 pistolas .40, ou 1,4 mil fuzis 7.62, com base em compras recentes realizadas pelo governo gaúcho no final de 2015.
No primeiro ano de governo, ocorreu uma considerável redução nas despesas com diárias e passagens. O decreto que restringe gastos determina a suspensão da nomeação de aprovados em concursos, abertura de novas licitações, além da limitação dos gastos com passagens aéreas e diárias de viagem.
O efeito disso foi uma redução de 48,45% nos primeiros 10 meses de 2015, quando comparado com o mesmo período de 2014. Mas em 2016, os números voltaram a crescer.
Até maio, a despesa tinha aumentado em R$ 1 milhão, e seguiu em elevação chegando a R$ 9.318.579,58 perto do fim do ano.
O montante despendido no período analisado em 2015 somou R$ 70.711.380,03, bem menos que os R$ 137.162.607,07 gastos no mesmo período de 2014.
Em 2016, os gastos já chegam a R$ 80.029.959,61, apesar do decreto de restrição ter sido prorrogado em agosto de 2016, retroativo a junho.
O percentual de 13,18% registrado para este tipo de despesa em 2016 está acima do aumento médio de cerca de 9,5% registrado nos últimos 10 anos para as compras de passagens ou pagamento de diárias.
Conforme o Piratini, o corte no custeio de passagens aéreas, diárias, horas-extras e compra de material permanente, resultou em uma economia de R$ 980,8 milhões em 2015, valor próximo da meta de R$ 1,07 bilhão que havia sido estabelecida naquele ano.
O governo do Rio Grande do Sul passa por uma grave crise financeira, com nove parcelamentos salariais consecutivos e sem confirmação de que poderá pagar o 13º do funcionalismo público em 2016, sendo que em 2015 o saldo de final de ano já havia sido parcelado, ou adiantado por meio de empréstimo bancário no qual o servidor arcava com os juros e taxas bancárias.