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Saiba como deve ser o clima no outono de 2024

Outono de 2024 começa ainda com El Niño e deve terminar com Pacífico frio já sob condições de La Niña ou perto de uma fase fria no Pacífico

O outono de 2024, que começa à 0h06 desta quarta-feira (20) no Hemisfério Sul, com o equinócio, caracteriza-se como uma estação de transição do calor do verão para o frio do inverno. A estação começa com o Oceano Pacífico ainda sob El Niño depois de vários anos em que o outono teve início ou sob a influência da La Niña ou em fase de neutralidade.

Na semana em que se inicia o outono, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Centro-Leste está em 1,1ºC, ou seja, na faixa de El Niño moderado (1ºC a 1,4ºC), mas há um mês esta área estava com anomalia de 1,5ºC, sinalizando que o El Niño enfraquece e se encaminha para o fim.

Projeta-se um acentuado resfriamento no decorrer do outono das águas superficiais no Pacífico Equatorial junto aos litorais do Peru e do Equador, região que é denominada de Niño 1+2. Tal resfriamento deve impactar o clima no Sul do Brasil mesmo antes de um evento de La Niña estar maduro e declarado pelas agências internacionais de clima.

Quando esta parte do oceano mais próxima do Peru e do Equador se resfria, há uma tendência de maior probabilidade de ingressos de massas de ar frio no Sul do Brasil. Uma vez que o resfriamento deve ser mais pronunciado na segunda metade da estação, entre maio e junho, os reflexos se sentiriam mais tardiamente neste outono na temperatura e não agora nas primeiras semanas da estação.

CHUVA NO OUTONO

O outono marca uma mudança no regime de chuva no Centro-Sul do Brasil. Enquanto no verão as precipitações se originam mais de nuvens carregadas que se formam pelo calor e a umidade alta, a partir do outono a chuva passa a ter como causa principal a passagem de frentes frias e centros de baixa pressão.

Mais ao Sul do Brasil não há uma estação seca e outra chuvosa, como ocorre no Centro do país. Porto Alegre, por exemplo, tem média de precipitação de 120,7 mm em janeiro, no auge do verão, e de 112,8 mm, último mês do chamado outono meteorológico (março a maio).

Com isso, à medida que o outono avança, a tendência é de diminuição da chuva no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil. Em junho, não raro, se produz na Região Sul, em particular no Rio Grande do Sul e no Leste de Santa Catarina, a atuação de frentes quentes, tipo de sistema meteorológico muito menos comum que as frentes frias e que são mais frequentes nos meses frios do ano.

Quando estas frentes quentes se formam sobre o Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina costumam trazer altos volumes de chuva e ainda temporais com muitos raios e, principalmente, granizo.

O outono é a estação com menor frequência de temporais no Centro-Sul do Brasil, mas tempo severo ocorre em qualquer época do ano. Episódios de fortes temporais com granizo e vendavais durante os meses do outono estão fartamente documentados nos estados do Centro-Oeste, Sudeste e o Sul, inclusive com episódios de tornados.

Em 2024, a tendência é de um outono com chuva perto e acima da média em parte do Sul do Brasil. Somente no segundo dia do outono, em 21 de março, por efeito de uma intensa frente fria que chegará com temporais, muitas cidades gaúchas podem ter entre 15% e 30% da precipitação média histórica da estação inteira.

No decorrer da estação, a tendência é de chuva acima da média no Sul principalmente no Rio Grande do Sul e no Leste de Santa Catarina e do Paraná. Há risco de episódios pontuais de precipitação muito intensa, com elevados volumes, capazes de gerar cheias de rios, deslizamentos, alagamentos e inundações. Áreas do Noroeste e do Norte paranaense podem se ressentir de precipitação abaixo da média histórica sazonal de outono.

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