A colheita do milho avança no Rio Grande do Sul e atinge 27% da área no Estado. Essas primeiras áreas colhidas apresentam produtividade abaixo do esperado, consolidando perdas nas áreas mais ao Norte do Estado. De acordo com o Informativo Conjuntural, produzido e divulgado nesta quinta-feira (28) pela Gerência de Planejamento da Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), nas regiões com muita umidade e pouca insolação, as condições climáticas da semana não foram muito favoráveis à cultura, que está com 20% em germinação e desenvolvimento vegetativo, 14% em floração, 23% em enchimento de grãos e 16% em maturação.
Na região de Soledade, no Baixo Vale do Rio Pardo, a colheita do milho recém iniciou e atinge 1% da área cultivada. As produtividades variam em função dos volumes de chuvas que as lavouras receberam ao longo do ciclo e também em função do manejo tecnológico utilizado na formação e condução das lavouras. Algumas lavouras colhidas atingiram produtividades de 7.800 quilos por hectare. No entanto, em casos isolados de lavouras mais castigadas pela estiagem, as produtividades registradas foram inferiores a 3.600 quilos; no geral, a produtividade média das lavouras do cedo passa dos seis mil quilos por hectare. Lavouras com plantios mais tardios – em desenvolvimento vegetativo, florescimento e enchimento de grãos – retomam o desenvolvimento com a melhoria do teor de umidade do solo; grande parte dessas lavouras apresenta ótimo potencial de produção.
As precipitações que vêm ocorrendo nos últimos dias favorecem a uniformidade e o desenvolvimento das lavouras de soja no Rio Grande do Sul. A reprodução da cultura está sendo beneficiada pelo clima, aumentando o percentual de lavouras em fase reprodutiva: 36% estão em floração, 17% em enchimento de grãos e 1% em maturação. Os 46% restante ainda estão em germinação e desenvolvimento vegetativo.
Na regional de Santa Rosa, as lavouras de soja se desenvolvem bem na maioria dos municípios, mesmo com chuvas abaixo da média. Parte das áreas entrou em estádio reprodutivo, período crítico para definição do potencial produtivo da cultura e que demanda volume e regularidade nas precipitações. Isso preocupa os produtores, já que os prognósticos indicam que em fevereiro e março as chuvas continuarão abaixo da média. Em relação a pragas, não há registros de surtos acentuados; ocorrem apenas focos isolados de lagartas e percevejos, sendo controlados nas áreas já em estádio mais avançado e em cultivares de maior precocidade. Em algumas áreas, ocorrem invasoras de difícil controle, como a buva, mas que não inviabilizam a produtividade esperada.
Olerícolas
Na região de Pelotas, a volta do clima quente e seco obrigou olericultores a novamente redobrar os cuidados, utilizando irrigações mais frequentes e telas de sombreamento. A comercialização segue dentro da normalidade. Destaca-se na olericultura o forte comércio do milho verde. É intensa a colheita de tomate e pimentão, com aumento da oferta. Os preços para o tomate estão muito abaixo do esperado. Produtores seguem dedicando todos os cuidados necessários à produção de alface durante o verão; oferta estabilizada, também de brócolis, cenoura e repolho. Diminui a oferta de couve-flor e rúcula; a de couves, aumenta. Feijão-de-vagem com colheita ampliada, maior oferta e redução de preços. Segue a colheita de milho e batata-doce e iniciou a de mandioca, com oferta nos mercados locais e regionais.
Cebola – Ainda na região de Pelotas, cebolas com cura adequada são armazenadas em galpões, aguardando melhores preços. Com várias notícias de escassez de cebola no mercado e com a tendência de elevação de preços, muitos produtores armazenam parte da produção colhida. Em Tavares, até o final desta semana deve ser concluída a retirada dos sacos de cebola das lavoras para comercialização ou armazenamento. Mesmo com preços variando de R$ 1,20 a R$ 1,50/kg na lavoura para a caixa 3, alguns produtores optam por segurar a produção. Em Rio Grande, Tavares e São José do Norte, os valores recebidos permaneceram estáveis.
Frutícolas
Na região de Ijuí, seguem a colheita e a comercialização das culturas de melão, melancia e uva; diminui a oferta de melão. À medida que avançou a colheita da melancia, os frutos são maiores e com sabor mais adocicado. É baixo o ataque de insetos nas uvas maduras, proporcionando colheitas com grau brix mais elevado. O preço médio para as frutas de mesa permaneceu estável, exceto o do morango, comercializado a R$ 17,00/kg.
Uva – Na região de Caxias do Sul, as condições climáticas da semana foram as menos favoráveis dos últimos dois meses, com umidade elevada na maior parte do tempo, pouca insolação e temperaturas amenas. Com o dossel vegetativo molhado por longos períodos, o míldio – também conhecido como mufa – principal fitopatia da cultura na região, apareceu pela primeira vez nos vinhedos; viticultores em alerta, adotando medidas de controle. A maturação e a colheita da uva se anteciparam em cerca de duas semanas em relação à média histórica. Assim, a Bordô, cultivar de ciclo precoce, está em colheita há uns 15 dias, situação rara. O produto se mantém com ótima qualidade, com intensa coloração e sanidade das bagas.
Pastagens e criações
As pastagens estão em pleno desenvolvimento devido às condições meteorológicas favoráveis das últimas semanas, o que tem refletido em elevada oferta de forragens aos rebanhos. Com o contínuo crescimento do campo, é importante não deixar acumular forragem para que não perca a qualidade; por isso, muitos produtores rurais fazem roçadas e ampliam a lotação, principalmente em áreas de campo nativo.
Bovinocultura de leite – Mesmo com o bom desenvolvimento das pastagens, em algumas regiões os produtores tiveram dificuldades de manejar o rebanho, devido à limitação de horários de pastejo pelo excesso de calor. A falta de pastejo gera acúmulo de matéria seca no campo, fazendo com que a pastagens percam qualidade, o que pode ser amenizado realizando roçadas nas áreas. Os produtores que conduziram os animais para que pastejassem nos horários mais frescos do dia e durante a noite estão conseguindo manter a produção estável.
Nos confinamentos e semiconfinamentos, aumentou a necessidade de ventilação e aspersão nos galpões, especialmente para resfriar as vacas, a fim de melhorar as condições de bem-estar animal durante a ordenha. O forte calor também causa prejuízo no desempenho reprodutivo dos animais, sendo fundamental a disponibilidade de sombra.
O controle sanitário segue com foco na presença de carrapatos, e em algumas propriedades já começam a aparecer casos de tristeza parasitária bovina.
Ovinocultura – O quadro de boa oferta de forrageiras nativas e cultivadas decorrente das condições do tempo favoráveis mantém o rebanho ovino em excelentes condições corporais. A disponibilidade de água para consumo também está adequada. O preparo dos carneiros e matrizes para a temporada reprodutiva está sendo realizado, sendo que a monta já ocorre nas propriedades com rebanhos laneiros.
Os produtores seguem com o tratamento preventivo contra verminoses, uma vez que a alta umidade é favorável ao surgimento de parasitas; também seguem com o tratamento obrigatório contra piolheira ovina, considerando o prazo, entre janeiro e março, determinado pela Seapdr.