De acordo com a Unicef, gestantes devem esperar o trabalho de parto espontâneo, para ter a garantia que o recém-nascido está pronto para nascer. O bebê escolher a melhor hora proporciona, durante o trabalho de parto, a liberação de substâncias que ajudam no amadurecimento final do organismo, o ganho de peso, a maturidade cerebral e o fortalecimento do último sistema desenvolvido, o respiratório. Para a gestante, o trabalho espontâneo também libera hormônios que vão preparar a mulher para a amamentação. O trabalho de parto se inicia espontaneamente e pode resultar em um parto normal ou em uma cesariana. Érica Cavalcante é doula há oito anos e afirma como é importante fazer a escolha certa do tipo de parto.
“A gente vai sempre priorizar o parto normal, que comprovadamente é mais seguro para a mulher e o bebê. Mas se em algum momento a equipe identificar que a cesariana passa a ser a melhor opção, ela vai ser feita em trabalho de parto e essa mulher vai continuar a ter muitos dos benefícios só por ter esperado o momento de o bebê nascer”.
Para a Unicef, o direito ao trabalho de parto espontâneo é um dos desafios atuais do Brasil. Pois as cesarianas são marcadas antes das gestantes entrarem em trabalho de parto que acabam privando o bebê dos benefícios do trabalho de parto espontâneo e expõem a mulher a riscos e procedimentos desnecessários. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece em até 15 por cento a proporção de partos por cesariana. O Brasil é o segundo país no mundo que mais realiza cesariana, com percentual de 57 por cento. Laura Magalhães, 30 anos, está grávida de 40 semanas, e está esperando o trabalho de parto espontâneo. Laura só vai optar pela cesárea se for preciso.
“Antes da gestação eu já queria parto normal, sem marcar, o deixar vir, ficar a espera dele para quando ele estivesse preparado. Que é esse o sentido do parto natural”.
As cesarianas representam 40 por cento dos partos realizados na rede pública de saúde e 84 por cento na rede particular. Seja normal ou cesariano, o parto humanizado deve respeitar as expectativas da mulher. O conhecimento dos direitos das gestantes e a realização de um pré-natal de qualidade são fundamentais para mãe e filho terem uma boa hora.