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11. Voz da Diocese – 16.03.25


“Subir o monte com Jesus e ‘escutar’ o que Ele diz”

Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. A Liturgia da Palavra deste 2º Domingo da Quaresma, centrada na transfiguração de Jesus, nos faz um convite para “subirmos o monte, com Ele” e nos deixarmos transfigurar pela sua Palavra.

Prezados irmãos e irmãs. Pedro, Tiago e João, fazendo parte dos primeiros discípulos que tinham sido chamados por Jesus, foram convidados para irem, com ele, a um “lugar à parte”, numa “alta montanha”. Para o povo da Bíblia, a montanha sempre foi o lugar da manifestação divina. Foi no monte Sinai que Deus entregou a sua Lei, os “Dez Mandamentos”, a Moisés (Ex 20,2). Foi lá, também, que Deus se revelou a Elias, na “brisa suave” (1Rs 19,12).

O evangelista Lucas descreve que Jesus subiu à montanha, com três dos seus discípulos, “para rezar” (Lc 9,28). E “enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante” (Lc 9,29). Significa que o encontro com Deus por meio da oração faz as pessoas entrarem em comunhão profunda com Ele, a ponto de passarem a ver com mais nitidez a realidade e as pessoas. Os discípulos fizeram, com Jesus, uma experiência profunda de Deus, que lhes deu um novo olhar. É somente o encontro pessoal com o Senhor que converte as pessoas, que as faz ver a vida e a missão de forma mais clara e convincente. Além disto, a transfiguração é a afirmação de que a justiça do Reino triunfará e que o plano de Deus será realizado. Este é o destino de Jesus e de sua comunidade (Mt 16,18). Por sua vez, o caminho é o da cruz (Mt 16,21). Não há ressurreição sem cruz. Tudo na vida implica em esforço, dedicação, cuidado.

Caríssimos irmãos e irmãs. Jesus já havia dito aos discípulos que ele “não veio abolir a Lei e os Profetas, mas veio para dar-lhes pleno cumprimento” (Mt 5,17). Moisés e Elias, que respectivamente representam a Lei e os Profetas, falaram com Deus no monte Sinai. O texto do Evangelho descreve que eles “apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a morte que Jesus iria sofrer em Jerusalém” (Lc 9,31). Significa que Jesus fez Pedro, Tiago e João compreenderem que, por meio de seu ministério, ele era o novo Moisés, o libertador por excelência, e o novo Elias, o verdadeiro profeta. Ao mesmo tempo, a narrativa faz ver que a fidelidade a Deus implica, muitas vezes, em dar a vida, como Jesus a deu na cruz.

Então Pedro disse a Jesus: “Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias” (Lc 9,33a). Lucas diz que “Pedro não sabia o que estava dizendo” (Lc 9,33b). Levantar “tendas” no alto do monte significa a tentação de “instalar-se” na comodidade tranquila e egoísta de quem não olha para fora de si. “Uma experiência religiosa não é verdadeiramente cristã se ela nos isola dos irmãos, nos instala comodamente na vida e nos afasta do serviço aos mais necessitados”. Por isso, Jesus os fez descer do monte para transfigurar o mundo, marcado por injustiças e muitos males (Mt 17,9). Ao propor-se a fazer três tendas, uma para Moisés, uma para Elias e outra para Jesus significa que Pedro igualava Jesus a Moisés e Elias, não o diferenciando deles. Ao mesmo tempo, Lucas diz que Pedro e seus companheiros “estavam com muito sono” (Lc 9,32). Significa que Pedro precisava “acordar” para a verdadeira realidade de Jesus e do projeto do Reino de Deus que Ele estava trazendo.

Na transfiguração, Jesus foi apresentado como a grande esperança para o mundo: “Este é o meu Filho, o Escolhido, escutai o que ele diz” (Lc 9,35). A Palavra de Deus Pai pede algo essencial: “escutar” Seu “Filho”! Jesus é portador da Palavra do Pai, que precisa ser ouvida e acolhida. Sua Palavra é palavra que salva, é palavra decisiva para a vida de todos nós. A vontade de Deus Pai é que estejamos sempre abertos à Sua Palavra!

Irmãos e irmãs. A Quaresma nos propõe que, como discípulos de Cristo, somos convidados a escutar o que Ele diz. O encontro com Ele na comunidade de fé nos desafia a sair da acomodação de nossas tendas, e ao mesmo tempo nos chama a “descer do monte” para transfigurar a família e a sociedade em vista do Reino anunciado por Ele. Como “Peregrinos de Esperança”, neste Ano Jubilar, deixemos-nos transfigurar por Jesus e coloquemo-nos a caminho, na missão de cultivar e guardar nossa Casa Comum., como nos pede a Campanha da Fraternidade.

Deus abençoe a todos e bom domingo.

Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim – RS

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