Natal é o anúncio de uma grande alegria!
Minha saudação aos irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Preparados pelo tempo do Advento, celebramos o Natal. Celebrar o Natal é celebrar o mistério da Encarnação de Deus. O Evangelho de São João diz: “Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Deus não enviou o seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,16-17).
A profecia de Miquéias relata que é de Belém, uma pequena e pobre aldeia de Judá, que virá Aquele que governará Israel. Mas não somente: “Sua origem vem de tempos remotos, desde os dias da eternidade, isto é, Ele é o próprio Deus, eterno, que vem a nós” (Mq 5,1). Já no Segundo Livro de Samuel, afirma: “Seu reino será estável e seu trono será firme para sempre” (2Sm 7,16).
Prezados irmãos e irmãs. O Evangelho do 4º Domingo do Advento retoma a anunciação do Anjo Gabriel a Maria. O anúncio do Anjo a Maria, não só prepara o nascimento de Jesus, mas também mostra a vocação de Maria e sua resposta generosa. O texto mostra claramente que a vocação de Maria nasce e amadurece ao longo de um processo dialógico com Deus, por meio do Anjo, que requer silêncio, reflexão, oração, esclarecimento de dúvidas, liberdade e maturidade para dar a resposta. Maria deu o seu “Sim” a Deus a partir da percepção da importância de sua missão para o bem e para a vida do povo.
Após a apresentação de Maria (Lc 1, 26-27), como mulher de Nazaré, na Galileia, o relato enfatiza, conforme os versos 28 a 38, o diálogo entre o Anjo e a Jovem de Nazaré. A iniciativa é do Anjo e a palavra final é da jovem Maria. O diálogo provocou uma grande transformação na vida de Maria. Aquela que era uma simples mulher do povo judeu, tornou-se a Mãe do Salvador, recebendo uma nova identidade e assumindo uma nova missão. Tudo iniciou com a aproximação do Anjo, “entrando onde ela estava” (cf. Lc 1,28). O texto não especifica o local exato, mas deixa-o em aberto. Certamente, foi em sua casa, em meio as suas atividades cotidianas, como toda mulher simple e pobre, empenhando-se pela sobrevivência da família. Como em muitas outras ocasiões, em Maria, Deus visitou novamente o seu povo. Porém, agora de forma inédita. A intenção de Deus é nova, inusitada. O Senhor Deus quer fazer-se humano e para isso necessita nascer de modo humano. Em vista disso, escolheu Maria. Aproximou-se dela, dialogou com ela e esperou sua resposta. Depois de acolher a proposta do Anjo, refletir e dialogar sobre a mesma, Maria deu, com total liberdade e responsabilidade, seu consentimento: “Eis aqui a Serva do Senhor, faça-se em mim segundo Tua palavra” (cf. Lc 1, 38a).
Caríssimos irmãos e irmãs. O Natal é a celebração do mistério da Encarnação do Senhor Deus. Na plenitude dos tempos, Deus se fez humano. O Evangelho de São João confirma tal verdade, ao afirmar: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Lucas descreve este acontecimento de uma forma mais humana, dizendo: “José subiu de Nazaré para Belém, para registrar-se, com Maria, que estava grávida. Enquanto estavam em Belém, Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou e o colocou numa manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 4-7). Esta narrativa evangélica enfatiza que Deus se fez humano, verdadeiramente humano, igual a todos nós, menos no pecado. Ele nasceu num local pobre, no seio de uma família simple e humilde, de Nazaré.
O Menino Deus, nascido em Belém, é a luz do mundo. Já o profeta Isaías dizia: “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz. Para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu (…). Nasceu para nós um menino, foi nos dado um filho. Ele é o Conselheiro Admirável, Deus forte, o Príncipe da Paz. Ele é portador da justiça e do amor em vista da santidade” (Is 9,1.5-6). O Anjo do Senhor disse aos pastores: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo, o Senhor” (Lc 2,10-11).
Celebrar o Natal é acolher esta Boa Notícia. Deus, além de nos ter dado a vida, nos enviou seu próprio Filho, Jesus Cristo, para nos salvar. Jesus, nascido na pobreza e na simplicidade de Belém, é o Salvador, o Messias esperado, aquele que Deus Pai enviou para nos mostrar o caminho da vida, da santidade, da paz. Ele é a luz do mundo, o Príncipe da Paz. Ele é o grande presente que Deus deu à humanidade. Deus deu a salvação a todas as pessoas que acolhem Jesus e sua proposta. Por isso, o Natal é como disse o Anjo aos pastores, motivo de “grande alegria”. Não se entende o Natal sem alegria. O Natal é a festa da alegria, porque somos amados por Deus com a presença de Seu Filho Único entre nós. Ele é o próprio Deus, presente no meio de nós, como Luz dos Povos.
Caros irmãos e irmãs. Nas atuais dificuldades vividas em todas as partes do mundo, desejamos que o nascimento do Menino Jesus traga-nos alento e esperança, na certeza de que Deus nunca se esquece de nós.
Assim sendo, que o Natal renove nossa esperança e una os corações na promoção da paz e da fraternidade universal.
A todos, um feliz e abençoado Natal!
Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim – RS