Família de Nazaré: modelo para a família de hoje!
Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. No contexto de virada de ano, muitos sentimentos invadem a alma das pessoas, sobretudo de boas festas e de gratidão pela caminhada do ano. A esperança é de paz, muitas realizações e um ano novo feliz. Com este mesmo sentimento iniciaremos neste dia, o Ano Santo do Jubileu 2025: “Peregrinos de Esperança” motivados pelo lema: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5).
Prezados irmãos e irmãs. A liturgia da Palavra deste último domingo do ano nos apresenta a Festa Sagrada Família de Nazaré – Jesus, Maria e José – como modelo de família, na qual somos convidados a nos espelhar. Num contexto de “mudança de época”, como nos diz o Documento de Aparecida (DAp 44), com inúmeras consequências na vida e nas relações entre as pessoas, é de fundamental importância contemplar a Família de Nazaré e nos inspirar nela.
A Primeira Leitura, parte do capítulo 3 do livro do Eclesiástico, é uma meditação do mandamento “honrar pai e mãe” (Ex 20,12). Honrar significa, ao mesmo tempo, respeitar e sustentar. O texto faz um forte apelo aos filhos, para que respeitem, valorizem, auxiliem, amem os pais e avós, pois, se hoje os filhos têm vida, é graças ao amor dos pais e da família: “Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados…; quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros” nos diz a leitura.
O Evangelho (Lc 2,41-52) relata a perda e o reencontro de Jesus no Templo, entre os doutores da Lei. Maria e José peregrinavam “todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa” (Lc 2,41). Eram pessoas de fé e assíduos participantes da vida e tradição religiosa. Isso mostra que Jesus foi aprendendo com o exemplo de seus pais, que participavam do Templo. Hoje, muitas pessoas dizem que creem em Deus, mas não participam das celebrações na comunidade, mantendo uma fé infantil e imatura.
A partir dos doze anos o menino ficava obrigado a cumprir os preceitos da Lei. Assim, participando com Jesus na festa da Páscoa, Maria e José o introduziram na vida adulta. Ao iniciarem o regresso, Jesus permaneceu em Jerusalém e foi encontrado no templo, dialogando com os doutores da Lei. Ao reencontrá-lo, Maria agiu como uma verdadeira mãe, preocupada com o filho: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos angustiados à tua procura?” (Lc 2,48). Por sua vez, Jesus lhe respondeu, não mais como criança dependente dos pais, mas como adulto: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?” (Lc 2,49). Suas palavras revelam que ele estava em busca de seu próprio caminho, de sua total dedicação ao plano do Pai. Maria e José “não compreenderam” (Lc 2,50) Jesus, isto é, “não concebem que Jesus possa se afastar da tradição representada por eles” e que, com esta atitude, iniciou o seu ministério em Jerusalém, aonde mais tarde, irá concluí-lo e de onde partirá a missão da Igreja (At 1ss). Jesus foi com eles, de volta, para Nazaré e “era-lhes submisso” (Lc 2,51), isto é, fazendo parte da vida familiar. Maria “conservava” tudo em seu coração e procurava compreender o sentido da vida e do ministério de Jesus.
Caros irmãos e irmãs. Vemos também nas palavras de Paulo na Carta aos Colossenses (3,12-21) orientações básicas para a vida em família. Paulo dirige-se às esposas, aos maridos, aos filhos e aos pais: “Vós sois amados por Deus, sois seus santos eleitos”. Por isso, pede-lhes: “Revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente… Amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição. Que a paz de Cristo reine em vossos corações… Sede agradecidos. Que a palavra de Cristo, com toda a sua riqueza, habite em vós”. Este é o caminho de uma família feliz.
São João Paulo II dizia que “o matrimônio e a família constituem um dos valores mais preciosos da humanidade” (FC 1). Por ser comunidade de pessoas, a primeira razão de ser da família é a vivência da comunhão e isto só é possível no amor. “Sem amor, a família não pode viver” (FC 18) e a fecundidade é o fruto e o sinal do amor conjugal, o testemunho vivo da plena doação recíproca dos esposos (FC 28). Os filhos são o dom mais precioso do matrimônio (FC 36). Por isso, “a família é a primeira e fundamental escola” de vida (FC 37) e, como Igreja doméstica, a família é chamada a ser “santuário de vida”, “que acolhe, vive, celebra e anuncia a Palavra de Deus” (FC 57).
Irmãos e irmãs. Iniciando o Ano do Jubileu: ”Peregrinos de Esperança”, desejamos a todos um bom domingo e abençoado ano de 2025.
Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim – RS