O preço da carne no Rio Grande do Sul segue subindo em julho, consolidando a trajetória de elevação verificada nos últimos meses. Levantamento do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) constata que nove dos 10 cortes analisados ficaram mais caros desde o início da pandemia de coronavírus, no intervalo entre 31 de março e 23 de julho.
Levando em consideração o valor médio encontrado em açougues, casas de carnes e supermercados, o corte que mais encareceu no período foi a costela, com reajuste de 51,5%. Na sequência aparecem a carne moída de segunda (21,7%) e a alcatra (21,3%). A única variedade em queda é o filé mignon, com retração de 4,5% desde março.
Na avaliação do coordenador do Nespro, Júlio Barcellos, o comportamento dos preços evidencia os reflexos da crise econômica decorrente da pandemia, que vem achatando o poder aquisitivo de parte da população no país. Na hora de fazer o churrasco, o consumidor acabou migrando de cortes mais caros, como filé mignon e picanha, para opções mais baratas, como costela e alcatra. Ao mesmo tempo, a carne moída acaba se tornando uma alternativa frente a outras proteínas, como as carnes suína e de frango.
O pesquisador constata que o preço do boi gordo no Estado começou a cair neste mês, tendo retração de 8% desde a semana passada. Assim, a tendência é de que os preços desacelerem, já que o varejo teria margem para diminuição.
— Os preços podem ter chegado a um teto no varejo e devem começar a ceder, principalmente se começar a cair o consumo — aponta Barcellos.
Exportação afeta valores
O Rio Grande do Sul passa ainda por um período de entressafra na pecuária, em que a oferta de carne disponível é menor e os valores ao consumidor final acabam ficando mais pressionados. Além disso, a demanda externa é outro fator que acaba influenciando na oscilação dos preços.
Apenas em junho, o Brasil exportou 176,7 mil toneladas do produto, de acordo com dados do Ministério da Economia, o maior volume já registrado para o mês. O Rio Grande do Sul respondeu pelo embarque de 7,8 mil toneladas, expansão de 93% na comparação com a mesma época de 2019. As compras vêm sendo puxadas pela China.