O ministro da Educação, Milton Ribeiro, explicou nesta sexta-feira (28) que o ensino remoto emergencial que vem sendo adotado desde a Educação Básica até o Ensino Superior no Brasil, tanto na rede pública quanto na privada, em razão da pandemia, vai deixar muitos aprendizados para o setor no país. Para Ribeiro, 2020 não foi um ano perdido para o ensino brasileiro.
— Creio que o ensino, depois dessa pandemia, vai sofrer uma influência muito grande da EAD, do ensino a distância. Talvez, como dizem os especialistas, tenhamos aí algo híbrido em um futuro não muito distante — afirmou o ministro, em bate-papo promovido pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e transmitido virtualmente.
Ribeiro descreveu que, antes, achava que os brasileiros não teriam disciplina para sentar em frente a uma tela e acompanhar aulas a distância. Ele explicou que pensava que, se os professores não conseguiam prender a atenção de alunos, mesmo universitários, em sala de aula, isso seria ainda mais difícil com os estudantes em suas casas por falta de uma cultura.
— Isso é próprio dos europeus, que não têm pra onde ir, o dia todo nublado. Aqui não, com sol, imagine que ele vai ficar em frente à tela — Ribeiro explicou que pensava.
Mas ele disse ter percebido que estava enganado, acreditando que a educação a distância pode dar certo no Brasil:
— Mas diz o ditado que é (próprio) dos sábios mudar de opinião. E eu gostaria de ser um sábio. E naturalmente fui mudando, e vendo que, sim, é possível o EAD ter uma presença no ensino público, principalmente em um país de dimensões continentais como o Brasil.
O ministro explicou ainda que a necessidade de adaptação em todos os setores está levando a muitos aprendizados na educação brasileira.
— Para mim, esse ano de 2020 não foi um ano perdido. Existem coisas que nós aprendemos. Foi perdido para as quase 120 mil pessoas que já morreram, com todo o respeito. Mas nós, que estamos sobrevivendo a essa pandemia, já aprendemos algumas coisas. Desde as questões mais básicas, de higiene, até esse recurso da TV, da mídia, do celular, que tem se tornado um instrumento e uma ferramenta (no ensino) — disse Ribeiro.
Durante a conversa, o ministro exaltou a gestão do presidente Jair Bolsonaro, afirmando que acha “muito interessante” a linha que o presidente tem tomado na sua administração e na composição do seu ministério. Ele explicou, ainda, que Bolsonaro poderia ter “loteado” o MEC, porém optou por indicá-lo.
— Eu não sou representante de nenhum grupo político. Embora religioso, eu não fui o indicado pela bancada evangélica, o presidente optou por me escolher pelos contatos que tinha há mais ou menos um ano com ele na Comissão de Ética Pública, em que eu atuava desde 2019. Isso, para mim, pela atitude dele, só fez crescer a admiração que eu tenho pela sua conduta política e pelos seus valores. Se ele quisesse, ele poderia, como outros gestores, outros presidentes do passado, lotear os ministérios. E sobretudo o da Educação, que é um dos maiores, mais relevantes, mais importantes. Ele poderia fazer tudo isso, mas não fez — detalhou Ribeiro.
Ele ressaltou, ainda, que não deve pautar sua gestão por embates ideológicos.
— Eu não estou aqui por outra razão que não seja o idealismo de dar a minha contribuição para a educação brasileira. Quero ouvir a todos. Aqui não há lugar, pelo menos na minha gestão, para radicalismos, nem de direita, nem de esquerda. Nós temos que focar naquilo que é o mais importante, que é a educação. E se a gente for perder tempo andando atrás dessas coisas, a gente fica andando atrás de coisas acessórias e não busca o principal, que é dar a nossa contribuição à educação brasileira.
Para Milton Ribeiro, é preciso que o ensino no país volte a estabelecer alguns padrões de valores que foram se perdendo. Ele afirmou que vai buscar promover mais respeito aos professores nas escolas e instituições de Ensino Superior.
—A educação brasileira se ressente desse valor de respeito aluno-professor. Alguma coisa talvez derivada da própria casa, onde os alunos, os filhos, muitas vezes dão de ombros aos familiares, o que se reflete na escola. Nesse ponto, vai ter todo o meu repúdio essa questão de aluno agredindo professor. Isso é vergonhoso. Atualmente, alguns professores de escolas públicas, sobretudo, chegam a ser agredidos fisicamente dentro de sala de aula. A gente precisava tentar acabar ou diminuir isso, e dar mais autoridade ao professor, dar apoio para que possa ter mais autoridade.