Perceber alteração de visão em crianças em fase pré-escolar não é tarefa fácil, e muitos problemas visuais podem passar despercebidos pelos pais. Segundo a médica oftalmologista Tania Schaefer, da Clínica Schaefer, de Curitiba, o importante é tornar os pais cientes de que a criança não nasce sabendo enxergar, ela vai aprendendo a enxergar. “Cerca de 90% da visão se desenvolve até os 2 anos de vida e o restante ocorre até os 8-9 anos. O cérebro necessita de um estímulo visual perfeito para que o olho da criança aprenda a enxergar corretamente”, afirma a médica.
Em função disso, a avaliação oftalmológica deve ser iniciada logo nos primeiros dias de nascimento com o “teste do olhinho”. Segundo o consenso da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica, o acompanhamento oftalmológico deve ser semestral até os 2 anos e, a partir daí, anualmente até os 10 anos de vida, época em que já se completou o desenvolvimento visual.
Além dos erros refracionais (miopia, astigmatismo e hipermetropia), o exame com o oftalmologista avalia a presença de ambliopia (olho fraco), estrabismos, catarata, malformações congênitas e tumores, como o retinoblastoma. “Mais que prevenir a cegueira, essa avaliação precoce também pode salvar uma vida”, reforça Tania Schaefer.
Uso de óculos
Se houver indicação de óculos, eles devem ser adequados à faixa etária da criança, com armações confortáveis, lentes resistentes à quebra e riscos. As crianças que necessitam da correção óptica precisam ser avaliadas periodicamente a cada 6 meses e as lentes trocadas por alteração do grau e do crescimento da face.
Estrabismo
Um problema relativamente comum na infância, o estrabismo, necessita ser investigado logo ao seu início, pois pode levar à ambliopia ou mesmo à cegueira do olho fora de posição. O cérebro infantil bloqueia o desenvolvimento do olho estrábico e quanto mais precoce o tratamento, melhor será o resultado visual. Existem vários tipos de estrabismos e somente o médico poderá prescrever o tratamento adequado.
Na presença da ambliopia, o uso de oclusores deverá ser orientado para garantir o desenvolvimento visual do olho mais fraco. Não é tarefa fácil para a criança, nem para os pais, que precisam ser devidamente alertados sobre a importância do tratamento.
A conscientização dos pais e pediatras é a melhor forma de prevenir a baixa de visão irreversível no adulto. Muitos pacientes chegam ao nosso consultório tardiamente e nada pode ser feito para recuperar o tempo perdido na sua formação visual.