As exportações do agronegócio do Rio Grande do Sul atingiram US$ 4,5 bilhões no terceiro trimestre de 2022, uma queda de 7,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar da queda, em termos nominais o resultado é o terceiro melhor da série histórica do Estado, iniciada em 1997, atrás apenas do registrado em 2021, o melhor de todo o período, e de 2013. As vendas do período foram marcadas por uma queda no volume total de produtos embarcados (-30,5%), o que foi compensado parcialmente pela alta nos preços médios pagos (+33,6%).
Entre os setores mais representativos do agronegócio no RS, o complexo soja registrou queda de 27,6% nas vendas, totalizando US$ 2,10 bilhões no período. A redução foi determinada pela menor quantidade de produto disponível em função da estiagem que afetou o Estado e prejudicou as lavouras da oleaginosa. As informações sobre as exportações no terceiro trimestre e do acumulado do ano fazem parte do boletim Indicadores do Agronegócio do RS, divulgado nesta quinta-feira (10/11) pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG), e elaborado pelos analistas Bruna Kasprzak Borges, Rodrigo Feix e Sérgio Leusin Júnior.
As exportações do agronegócio no terceiro trimestre de 2022 representaram 72,7% do total das vendas externas do Estado no período.
Setores e principais destinos
Apesar da queda no número geral, quatro dos seis principais setores exportadores do agronegócio gaúcho registraram aumento nas vendas no terceiro trimestre. Os setores de carnes (US$ 750,9 milhões; +16,4%), fumo e seus produtos (US$ 521,8 milhões; +109,2%), cereais, farinhas e preparações (US$ 208,0 milhões; +74,0%) e máquinas e implementos agrícolas (US$ 117,0 milhões; + 9,3%) tiveram resultados positivos. Além do complexo soja, o segmento de produtos florestais (US$ 408,3 milhões; -12,3%) apresentou baixa.
No complexo soja, a queda no terceiro trimestre de 2022 foi puxada pelo resultado da venda do grão (US$ 1,4 bilhão; – 40,8%), enquanto os outros produtos da pauta, como o farelo (US$ 403 milhões; +22,1%) e o óleo (US$ 240,1 milhões; +123,9%) tiveram números positivos. No setor de carnes, as vendas de carne bovina (US$ 129,4 milhões; +29,5%) e da carne de frango (US$ 392,3 milhões; 27,0%) ganharam espaço, enquanto a carne suína (US$ 180,8 milhões; -7,7%) apresentou recuo. No fumo e seus produtos, o fumo não manufaturado, principal produto da pauta de vendas, registrou aumento expressivo (US$ 469,2; +111,8%)
Nos cereais, farinhas e preparações, o arroz (US$ 168,3 milhões; +71,0%) foi o principal destaque, enquanto no segmento de máquinas e implementos agrícolas, as colheitadeiras (US$ 18,7 milhões; +63,2%) tiveram a alta mais expressiva nas vendas. No setor de produtos florestais, a celulose (US$ 268,9 milhões; -18,6%) puxou a redução total no comércio exterior no terceiro trimestre de 2022.
Destinos
Em relação aos principais destinos das exportações, a China manteve a liderança, responsável por comprar 34,4% de tudo o que o agronegócio do Estado comercializa. O resultado deixa o país asiático à frente da União Europeia (13,7%), do Irã (6,0%), dos Estados Unidos (5,1%) e da Índia (3,8%), mas apresenta queda em relação ao percentual do mesmo período de 2021, quando foi responsável por 56,7% do total das vendas gaúchas.
Acumulado do ano
No acumulado de janeiro a setembro de 2022, as vendas do agronegócio gaúcho totalizaram US$ 11,6 bilhões, pouco acima do registrado no mesmo período de 2021 (+0,1%), quando as vendas foram de US$ 11,5 bilhões. Os nove primeiros meses do ano foram também foram marcados pela redução no volume embarcado (-19,3%) e pela alta nos preços médios (+24,0%).
“Considerando a forte quebra de produção da safra 2021/22, esse desempenho não deixa de ser surpreendente. Além da alta nos preços médios, contribuíram para esse resultado a expansão nas vendas de um amplo conjunto de setores”, destaca o pesquisador Sérgio Leusin Jr.
Apesar da forte redução nas vendas do complexo soja (US$ 4,0 bilhões; – 34,4%), influenciada pela estiagem, outros setores tiveram resultados históricos e compensaram a queda. O setor de carnes atingiu o melhor acumulado de toda a série histórica (US$ 2,0 bilhões; +14,4%), puxada pelas vendas de carnes de frango (US$ 1,1 bilhão; +30,5%) e carnes bovinas (US$ 340,7 milhões; +46,2%). “Este recorde vem mesmo com a redução nas vendas de carne suína para a China, fruto da recuperação do rebanho do país após o surto da peste suína africana”, relembra o pesquisador.
Outro setor com números expressivos nas vendas externas foi o de cereais, farinhas e preparações (US$ 1,29 bilhão; +177,1%), este impulsionado pelo comércio de trigo (US$ 736,8 milhões; +482,0%). O contexto internacional, marcado pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia – esta, um importante produtor mundial de trigo –, provocou alta tanto na quantidade embarcada no RS (+305,9%) quanto nos preços médios (+43,4%).
No setor de fumo, as exportações de janeiro a setembro foram as maiores desde 2013 (US$ 1,4 bilhão; +65,2%). A alta nas vendas dos produtos florestais (US$ 1,24 bilhão; +16,1%) e de máquinas e implementos agrícolas (US$ 392,8 milhões; +41,2%) também auxiliaram a compensar a redução do complexo soja.
Em relação aos destinos das exportações do Estado no acumulado do ano, a China mantém a dianteira na lista, com 25,7% do total, seguida da União Europeia (15,8%), dos Estados Unidos (5,2%), da Índia (4,1%) e do Irã (3,7%).
Emprego formal
O agronegócio do Rio Grande do Sul registrou saldo negativo de 3.081 postos de trabalho com carteira assinada no terceiro trimestre de 2022. O resultado de queda no período tradicionalmente ocorre em função da sazonalidade das principais culturas agrícolas do Estado e da indústria ligada ao setor.
Considerando os três segmentos que constituem o agronegócio, “antes”, “dentro” e “depois” da porteira, a única perda no período de julho a setembro foi registrada no segmento “depois da porteira”, composto por atividades agroindustriais (-4.795 postos). O principal setor responsável pelo número foi o da fabricação de produtos do fumo (-7.221 postos), em razão do ciclo sazonal da cadeia de produção.
O segmento “antes da porteira”, formado por atividades de fornecimento de insumos, máquinas e equipamentos, teve saldo positivo de 1.133 postos e o “dentro da porteira”, constituído pelas atividades agropecuárias, registrou criação de 581 empregos formais no período.
No acumulado do ano, o saldo de empregos criados no agronegócio gaúcho é de 10.853 postos. Em setembro de 2022, havia 361.699 vínculos ativos de emprego com carteira assinada no setor no Rio Grande do Sul. O segmento mais representativo no número de empregos é o de abate e fabricação de produtos de carne, seguido do comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais e da fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários.
Quanto ao salário médio dos empregos com carteira assinada no agronegócio na admissão, em setembro o valor era de R$ 1.809,98, 2,2% acima do registrado em setembro de 2021.