Joseph Aloisius Ratzinger, que morreu neste sábado (31) aos 95 anos, não foi apenas o Papa Bento XVI. Ele também foi autor de livros best-sellers e de clássicos acadêmicos. Para críticos e historiadores, o grande legado de Bento XVI são os seus textos teológicos, que ainda serão estudados por muitas gerações.
A série de livros “Jesus de Nazaré” contou a história da vida de Jesus com toques de história e teologia. Foi best-seller em muitos países.
Em seu livro-entrevista com Ratzinger, Peter Seewald defende a ideia de que o principal objetivo de Bento XVI em seu pontificado era demonstrar ao mundo e à própria Igreja, atordoados por tantas mazelas, que a fé ainda é importante e que Deus é essencial para a humanidade.
“Os oito anos de seu ministério foram uma espécie de grandes exercícios espirituais dos quais a Igreja precisava para consolidar o castelo interior e fortalecer a própria alma”, escreveu o jornalista.
Para o padre e historiador italiano Roberto Regoli, “a questão central do pontificado beneditino é a fé em Jesus Cristo, que no mundo ocidental está em nítido regresso”.
A maioria dos textos que publicou como Papa tinha esse direcionamento. Entre seus clássicos acadêmicos está o livro “Introdução ao Cristianismo”, que compila lições universitárias publicadas em 1968.
Amante da música clássica, Bento XVI tocava piano e tinha apreço especial pelas obras de Mozart.
Além das dezenas de livros que escreveu quando foi professor de teologia, bispo, arcebispo e Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Ratzinger assinou três encíclicas (documento mais importante escrito por um papa) e deixou uma quarta pronta, para ser assinada por Francisco.
Especialistas notam mudanças no tom e nas teses defendidas por ele ao longo da vida. A encíclica Caritas in veritate (“Caridade na verdade”), desafiou o mundo a encontrar modelos de desenvolvimento social e econômico mais humanos, centrado no amor.
“O Papa Ratzinger é um homem de estupenda e belíssima inteligência”, disse o cardeal austríaco Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, amigo e discípulo de Bento XVI, em uma longa entrevista ao canal italiano TV 2000.
“Sua força, no entanto, não é só essa, mas a simples e humilde amizade com Jesus que transparece em todos os escritos e em tantas de suas belas homilias.”