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Relembre momentos marcantes da trajetória do Bento XVI

Bento XVI esteve à frente da Igreja Católica de abril de 2005 a fevereiro de 2013, quando abdicou de seu papado por questões de saúde e se tornou pontífice emérito. Nesse período, teve de se esquivar de problemas criados por suas declarações e posições em relação a pontos sensíveis para o Vaticano, assim como se tornou exemplo de humildade para os fiéis ao pedir desculpas por erros da Igreja e se posicionar em favor dos jovens durante grave crise econômica que afetou a Europa.

Bento XVI morreu neste sábado (31), aos 95 anos. Nos últimos dias, o Vaticano já havia informado que o pontífice emérito estava com a saúde frágil, por causa da idade avançada, e o papa Francisco pediu orações por ele.

Veja a seguir 10 situações que marcaram a trajetória de Joseph Aloisius Ratzinger como líder dos mais de um bilhão de católicos ao redor do mundo e também quando ainda era cardeal.

“Silêncio obsequioso”

Onze anos antes de ser eleito papa, o então cardeal alemão Joseph Ratzinger ocupava o cargo de prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, indicado pelo Papa João Paulo II. Coube a ele analisar um caso encaminhado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro. Tratava-se do livro Igreja: Carisma e Poder, lançado em 1981 pelo então frade franciscano Leonardo Boff.

Nele, o religioso brasileiro – que se destacava no começo daquela década e nos anos 1970 pela defesa da Teologia da Libertação e sua militância ao lado dos mais pobres – colocava em questão a rígida hierarquia da Igreja Católica e a concentração de poder na mão de poucos clérigos. Em 1985, a decisão do futuro papa foi pela aplicação da sanção do Silêncio Obsequioso, que o proibia de falar em público e de publicar suas ideias. Acompanhado de perto pelas autoridades eclesiásticas mesmo após a suspensão da pena, Boff deixou a Igreja em 1992 após nova punição.

Primeira encíclica

A primeira encíclica do Papa Bento XVI, Deus Caritas Est (Deus é amor, em português), escrita em agosto de 2005 e publicada em janeiro de 2006, aborda o amor divino pelo ser humano. O título remete à passagem bíblica “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 João 4,16).

Visita ao Brasil

Em maio de 2007, Bento XVI veio ao Brasil em uma viagem na qual abriu a 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho, no Santuário de Aparecida. Nessa viagem, no dia 11 de maio, o papa também fez a canonização de Santo António de SantAnna Galvão, o Frei Galvão.

Casos de pedofilia

Após uma série de denúncias de casos de pedofilia, em 2009, vieram à tona a atuação do Vaticano na remoção de padres suspeitos para outras dioceses e o consequente encerramento das investigações. O escândalo gerou uma onda de desconfiança em relação à vontade da Igreja em analisar os casos e levou o papa a falar em “pecados dentro da Igreja”.

Um documentário da rede britânica BBC, chamado de Sexo, Crimes e Vaticano, apontava a existência de um documento interno da Igreja que instruía bispos sobre como lidar com acusações nas suas paróquias. Pouco depois, Bento XVI se encontrou com vítimas de abusos e pediu desculpas em nome da Igreja, uma medida então inédita.

Em fevereiro de 2022, um relatório independente alemão acusou Bento XVI de inação diante dos abusos cometidos no arcebispado de Munique. Três dias depois da publicação do documento, o papa emérito pediu desculpas por casos de violência sexual contra crianças cometidas por clérigos, mas negou que tenha acobertado padres que cometeram abusos quando ocupou cargos de liderança na Igreja Católica.

Documentos sigilosos

Em 2012, uma série de documentos do Vaticano que sugeriam casos de corrupção dentro da Igreja e disputas por poder vieram a público. De acordo com investigações feitas à época, o material teria sido retirado do apartamento de Bento XVI. Paolo Gabriele, o mordomo do papa, foi preso e condenado a 18 meses de prisão.

A intenção de Gabriele seria levar à tona os supostos casos de corrupção e problemas do Vaticano. Após sua prisão e de outro empregado, os dois foram perdoados por Bento XVI.

Preservativos x Aids

Em 2009, na África, Bento XVI criticou a distribuição de camisinhas para impedir a disseminação do vírus HIV. “O problema da Aids é uma tragédia que não pode ser derrotada só com dinheiro ou pela distribuição de preservativos – que até pode agravar o problema”, disse na ocasião.

As declarações causaram reação imediata de entidades médicas e organizações condenando a afirmação do papa. O continente africano tem mais de 70% dos casos de Aids registrados no mundo.

SourceO Sul
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