O Rio Grande do Sul foi o primeiro Estado do país a se comprometer oficialmente com a Organização das Nações Unidas (ONU) em eliminar a epidemia de aids até 2030. Além do governo estadual, 15 municípios assinaram a declaração internacional, chamado Carta de Paris. Juntas, essas cidades representam 70% das pessoas vivendo com HIV ou aids em solo gaúcho.
O comprometimento foi firmado em cerimônia na manhã desta quinta-feira, no Palácio Piratini, em Porto Alegre. De 2005 a 2013, o Rio Grande do Sul foi o Estado que mais apresentou casos de aids por habitante, por isso é considerado prioritário para o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids). No último ano, perdeu apenas para o Amazonas, mas ainda apresentou uma taxa duas vezes maior que a média nacional.
Porto Alegre, um dos municípios que assinou o documento, registrou uma taxa quase cinco vezes superior à do país, sendo líder entre as capitais no número de casos por habitante. Além da Capital, assinaram a carta Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Caxias do Sul, Esteio, Guaíba, Gravataí, Novo Hamburgo, Rio Grande, Santana do Livamento, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Uruguaiana e Viamão, todos com taxas de detecção maiores que a média nacional em 2014.
Para eliminar a epidemia até 2030, estados e municípios precisam agilizar a resposta ao HIV, segundo a diretora do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids), Georgiana Braga-Orillard. Por isso, a organização definiu uma meta chamada “90-90-90”, que precisa ser cumprida até 2020. O objetivo é que as cidades diagnostiquem 90% das pessoas que vivam com HIV, forneçam tratamento a 90% dos diagnosticados e façam com que 90% dos tratados tenham carga viral indetectável — efeito do tratamento que reduz a quase zero a chance de transmissão. Ao assinar o documento, o Estado e os municípios prioritários se comprometeram em cumprir a meta.
— Prefeitos do mundo inteiro estão assinando a declaração, demonstrando que o trabalho deve ser feito a nível local. Para acabarmos com a epidemia aqui no Brasil, precisamos dar enfoque ao Rio Grande do Sul — afirmou Georgiana.