O caminho que conduz à vida
Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Na caminhada quaresmal, celebramos a fé naquele que, levantado da terra, atrai todos a si. A Liturgia da Palavra deste 5º Domingo da Quaresma nos diz que Deus, em Jesus, selou sua eterna aliança com a humanidade.
Prezados irmãos e irmãs. O profeta Jeremias lembra, na 1ª leitura, que o desejo de Deus é renovar sua aliança com o povo de Israel: “Eis que virão dias em que concluirei com Israel uma nova aliança; não será como a aliança que fiz com seus pais, quando os tirei da terra do Egito. Eu porei minha lei em seu seio e a escreverei em seu coração” (Jr 31,31-33). Se a antiga aliança tinha sido escrita em pedras, a nova aliança deverá ser gravada no coração das pessoas, isto é, no mais profundo do ser de cada um, para que assim ela seja acolhida, amada e vivida.
O Evangelho faz ver que em Jesus a aliança de Deus com a humanidade se realiza plenamente. O texto inicia dizendo que alguns gregos queriam ver Jesus. Querer ver Jesus significa ter o anseio de conhecer sua proposta, de compreender seu projeto. Estes gregos são todos aqueles que estão abertos para acolher sua Palavra de vida. Em sua resposta, Jesus disse que sua hora havia chegado: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado”. Sim, conforme o texto do Evangelho de Jo 11,53, pouco tempo antes, as autoridades judaicas haviam decidido por sua morte. Por isso, a hora de Jesus é o momento culminante de sua vida. É a glorificação de Jesus e do Pai ao mesmo tempo. E a glorificação é a manifestação do amor fiel de Deus, concretizado em Jesus, que entrega sua vida.
Assim, o Evangelho diz que o amor é verdadeiro somente quando a pessoa está disposta a doar-se totalmente, desaparecendo, morrendo para si. Além disso, Jesus disse: “Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, vai conservá-la para a vida eterna” (Jo 12,25). A razão de nossa existência é viver, gastar a vida pela causa do Reino de Deus. Só quem vive desta forma, só quem tem uma grande causa encontra sentido e plena alegria em sua existência, isto é, vai conservá-la para a vida eterna.
Caros irmãos e irmãs. Com sua morte na cruz, Jesus sela definitivamente a aliança de Deus com a humanidade e, ao mesmo tempo, provoca a sociedade para um julgamento. Sua hora é, ao mesmo tempo, a revelação do amor fiel do Pai e do Filho e o desmascaramento da sociedade injusta e infiel que patrocina a morte. Sua morte na cruz é o ponto alto de sua missão salvadora. Por isso, a Carta aos Hebreus diz que Jesus é digno de fé porque viveu plenamente a “obediência a Deus”. Sua credibilidade perante Deus Pai é plena. Assim, a humanidade é convidada a aderir a Ele com total confiança.
Jesus, sendo humano, foi igual a nós em tudo, menos no pecado (cf. Hb 4,15). Como homem, experimentou a dura realidade das pessoas, vivendo o dia a dia do sofrimento humano. Para entender a vontade do Pai, “dirigiu preces e súplicas, com forte clamor, e foi atendido por causa de sua entrega a Deus” (Hb 5,4). A obediência de Jesus ao Pai foi perfeita, tornando-se “fonte de salvação eterna para todos aqueles que lhe obedecem” (Hb 5,9). Jesus, a aliança de Deus com a humanidade se realizou plenamente. Ele é o caminho para o Pai.
Peçamos que esta quaresma, com a Campanha da Fraternidade nos desperte mais para o amor fraterno, fortalecendo entre nós, os laços da verdadeira amizade, e como irmãos e irmãs a nos colocarmos novamente no caminho para o Pai, assumindo a proposta de Jesus e seu Evangelho e como Ele sermos fiéis, compreendendo que a cruz é o sinal mais profundo do amor de Deus por toda a humanidade e o caminho que conduz à vida.
Deus abençoe a todos e bom domingo!
Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim – RS