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37. Voz da Diocese – 15.09.24


A identidade de Jesus
 

Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. No contexto do mês da Bíblia, a Liturgia da Palavra deste domingo revela a experiência de Deus que o Povo de Israel fez ao longo de sua história. O profeta Isaías dizia que Deus era o seu Auxiliador (Is 50,9); e, conforme o Salmo 114, assim o povo rezava: “O Senhor ouve o grito da minha oração: Salvai, ó Senhor, minha vida! O Senhor é justiça e bondade; Ele é amor e compaixão. É o Senhor quem defende os humildes; eu estava oprimido e ele salvou-me”. Há, portanto, uma relação de total confiança do povo em Deus, como nós já ouvimos no domingo passado.

Prezados irmãos e irmãs. O Evangelho de Marcos, sendo o primeiro texto de catequese da Igreja Primitiva, tinha por finalidade principal responder à pergunta: Quem é Jesus? Descrevendo as ações e os ensinamentos de Jesus, o Evangelho vai revelando sua identidade, reconhecida plenamente em Mc 8,29, através da manifestação de Pedro. A cena ocorre no “território de Cesárea de Filipe”, a “32 km ao norte do Mar da Galileia”. Tratava-se de uma região habitada por pagãos. Naquele local, distantes da influência ideológica do poder central de Jerusalém, os discípulos foram convidados a reconhecerem o verdadeiro pastor, tendo sido desafiados pelo próprio Jesus a dar uma resposta a respeito de sua identidade.

Num primeiro momento, Jesus perguntou aos discípulos o que as pessoas em geral diziam a seu respeito: “Quem dizem os homens que eu sou?” (Mc 8,27). Os discípulos relataram-lhe três maneiras de percepção do povo: 1º) como João Batista; 2º) como Elias; 3º) como um dos profetas. Todas estas respostas “localizam Jesus na tradição profética” de Israel, permanecendo “na superfície e na margem da realidade verdadeira e profunda” de quem é Jesus. A resposta revela “a diversidade de opiniões, todas insuficientes para responder à pergunta: ‘Quem é Jesus?’ Ele é visto como simples precursor dos tempos messiânicos”. Percebe-se com isso que circulava na sociedade da época “uma imagem distorcida de Jesus, exatamente por causa de sua humanidade”. Conforme essas opiniões, Jesus não passava de um profeta igual aos demais. As respostas fazem ver que o povo ainda não descobrira a presença de Deus na pessoa e na prática de Jesus.

Diante disto, Jesus dirigiu-se aos próprios discípulos que haviam deixado tudo para segui-Lo: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mc 8,29a). Pedro, representante e porta-voz do grupo dos Doze, respondeu: “Tu és o Cristo” (Mc 8,29b). A resposta de Pedro é um dos pontos altos do Evangelho de Marcos. Jesus é a realização das expectativas messiânicas, o portador da justiça que cria uma nova sociedade e uma nova história. Pedro, em nome do grupo dos Doze, reconhece que Jesus é a presença e a ação de Deus no meio do povo.

Caros irmãos e irmãs. Ao iniciar seu ministério, com os sinais que realizava e com o seu ensinamento, Jesus surpreendia as pessoas, provocando admiração e entusiasmo em muita gente (Mt 8,27; 9,8.26.31.33). Os discípulos sonhavam com um êxito triunfalista. Jesus, por sua vez, tinha presente a necessidade de “cumprir toda a justiça” do Reino (Mt 3,15) e fazer a vontade do Pai: “Desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6,30).

Diante disto, Jesus começou a mostrar aos discípulos o caminho da cruz. Esse caminho marcado pela necessidade de subir a Jerusalém, para lá também anunciar o Reino de Deus, tendo consciência das consequências inerentes a essa missão. Por isso, Pedro repreendeu Jesus. E Jesus o fez ver que não há ressurreição sem passar pela cruz. Por isso, Jesus disse-lhes: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois aquele que quiser salvar a sua vida, irá perdê-la. Mas aquele que perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, irá salvá-la” (Mc 8,34-35).

Irmãos e irmãs. Busquemos na leitura e meditação da Palavra de Deus, reconhecer a verdadeira identidade de Jesus, assimilando seus ensinamentos e alimentando nossa fé, pois só assim podemos colaborar na construção do Reino de Deus anunciado por Jesus.

Deus abençoe a todos e bom domingo.

Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim – RS

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