21.8 C
Aratiba
terça-feira, 22/outubro
Player de Áudio Responsivo
InícioGeralPapa Francisco canoniza religioso por milagre na Amazônia

Papa Francisco canoniza religioso por milagre na Amazônia

Giuseppe Allamano nasceu em 1851 no Piemonte, norte da Itália, e morreu em 1926 na mesma região.

O papa Francisco proclamou 14 novos Santos durante a Missa na Praça de São Pedro, no último domingo (20), no Vaticano. Entre eles, está o italiano José Allamano, religioso fundador da congregação dos Missionários da Consolata, canonizado por um milagre na Amazônia.

O milagre atribuído à Allamano ocorreu em 1996 na floresta amazônica brasileira, no Estado de Roraima, onde Sorino, da etnia Yanomami, foi atacado por uma onça que feriu gravemente a sua cabeça, abrindo-lhe o crânio. Ele foi socorrido pelas missionárias da Consolata e transportado para o Hospital de Boa Vista. As religiosas pediram sua recuperação ao fundador deste instituto missionário, o padre Allamano. Sorino recuperou a saúde em poucos meses e atualmente vive, sem sequelas, em sua comunidade indígena na Terra Indígena Yanomami.

Giuseppe Allamano nasceu em 1851 no Piemonte, norte da Itália, e morreu em 1926 na mesma região. Foi um missionário que nunca partiu da Itália, mas incentivou a participação dos sacerdotes em missões, principalmente no Quênia, na África, e no Brasil – onde seu nome foi traduzido para José. O religioso foi proclamado beato em 1990 pelo Papa João Paulo II.

O fato

O indígena Sorino estava caçando com um grupo na floresta, armado de arco e flechas, quando foi ferido por uma onça-pintada que, segundo relatos, estava acompanhada por filhotes. A felina atacou por trás, arrancando parte do couro cabeludo do homem e abrindo sua cabeça. O grupo de caçadores Yanomami tentou socorrê-lo e, devido à gravidade dos ferimentos, pediu ajuda às religiosas que viviam as proximidades.

Felicita Muthoni, de origem do Quênia, foi a primeira missionária a dar assistência. “Um dos indígenas veio me chamar porque o seu cunhado havia sido ferido por uma onça. Quando cheguei na aldeia, havia um homem estendido no chão de terra sobre uma poça de sangue”, contou ela, à RFI. “O crânio dele estava aberto e pedaços de cérebro para fora. Com delicadeza, limpei com água e amarrei o seu couro cabeludo com o único tecido que eu tinha, minha blusa”, disse a missionária.

A irmã Felicita contou que os indígenas acreditavam que Sorino não sobreviveria e houve relutância por parte dos líderes Yanomami sobre levá-lo ao hospital.

Os pajés me diziam que, se Sorino morresse fora da aldeia, não encontraria nunca mais seus antepassados. A porta ficaria fechada ao seu espírito. No final, conseguimos convencê-los que havia chances de ele sobreviver”, lembrou. “O tempo todo eu rezava a Deus e pedia que José Allamano nos ajudasse.”

O colombiano Mario Santacruz, médico neurocirurgião que trabalha há muitos anos no Hospital de Boa Vista, onde Sorino foi operado, recordou que a situação era gravíssima.

Sorino era jovem e chegou no hospital depois de três dias de viagem desde a sua aldeia. Seus ferimentos eram graves, com perda de osso e substância cerebral. Fizemos a operação, mas perdeu grande parte do cérebro no lobo frontal, parietal, temporal e parte do occipital. Para nossa surpresa ele foi se recuperando bem e ficou sem nenhuma deficiência”, explicou à reportagem RFI.

Segundo o médico, não há explicação científica para esta recuperação do indígena. “Considerando a perda da substância cerebral, ele teria um déficit muito grande com danos motores, paralisia e problemas intelectuais. Fizemos todos os exames e constatamos que ele voltou ao normal, sem sequelas.”

Indagado sobre acreditar em milagre, o neurocirurgião respondeu: “apesar de a minha educação familiar ser católica, naquela época do incidente eu era mais concentrado na parte científica. Mas depois desse caso, comecei a acreditar que o milagre existe”, declarou Santacruz.

QUEM VIU ESTA NOTÍCIA, TAMBÉM LEU:
- Publicidade -

ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES

Recent Comments