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Manuscrito apreendido pela Lava-Jato sugere cartel em obra do governo de SP, diz jornal

Outro documento apreendido com o executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Júnior, na 26ª edição da Operação Lava-Jato, deflagrada na última terça-feira, mostraria a formação de cartel e pagamento de propina em obra realizada em São Paulo no ano de 2002. Na época, assim como agora, o governador era Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o manuscrito mostra anotações com a expressão “acomodação de mercado”, representando empreiteiras que perderam a concorrência para a duplicação da rodovia Mogi-Dutra.

Além disso, estaria mencionado no papel o suposto pagamento de 5% do valor do contrato para o “santo”, que seria uma referência à propina. Com o executivo, também foi apreendida uma lista com nomes de mais de 200 políticos de pelo menos 18 partidos que receberiam recursos ilícitos da empreiteira.

Na anotação, estaria escrito logo abaixo do nome da estrada “valor da obra = 68.730.000 (95% do preço DER)”. O texto seria seguido pelo detalhamento “custos c/ santo = 3.436.500”.

O resultado da licitação para a duplicação da rodovia foi divulgado em fevereiro de 2002. A vencedora foi a construtora Queiroz Galvão, com o menor preço: R$ 68.678.651,60. A Andrade Gutierrez, a OAS e a Odebrecht apresentaram propostas acima de R$ 70 milhões e foram derrotadas.

A suspeita de cartel, segundo o jornal, se dá pelo fato de as propostas das perdedoras terem pouca variação, de 0,6 e 2,5 pontos percentuais. O manuscrito apreendido também conteria uma divisão de percentuais da obra entre a Queiroz Galvão e a OAS, Odebrecht e Andrade Gutierrez.

À Odebrecht teria cabido uma fatia de 19% do valor do contrato, equivalente a R$ 11 milhões. Conforme as anotações, a quantia que seria dada ao “santo” pela Odebrecht seria de R$ 687 mil, paga em parcelas.

Ao jornal, a assessoria do governador de São Paulo disse que não faria comentários sobre o manuscrito: “Quem tem que explicar as anotações mencionadas pela reportagem é quem as fez. A licitação para a referida obra foi vencida pela empresa Queiroz Galvão”. A Odebrecht não quis emitir comentários sobre os documentos apreendidos no escritório de seu executivo, alegando que “os esclarecimentos foram prestados durante as oitivas realizadas pela Polícia Federal”.

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