Os livros de colorir para adultos ganham destaque nas prateleiras de best-sellers de qualquer livraria. Além de remeterem à infância, prometem minimizar o estresse e refrescar a mente de quem arrisca dedicar um tempo de seu dia para pintar mandalas, flores e diversas outras temáticas disponíveis.
A proposta é proporcionar uma espécie de terapia. Garantindo um relaxamento, é possível encontrar em suas capas conceitos como “Arte-terapia” ou “Terapia Anti-Stress”, quando, na verdade, trata-se de uma atividade terapêutica que pode ser complementar a uma terapia, dependendo do modo como a pessoa encará-los: positiva ou negativamente.
Sônia Brucki, membro do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), afirma que o efeito antiestresse é relativo e só é garantido quando a atividade for realmente agradável para a pessoa.
De acordo com a neurologista, qualquer atividade prazerosa para alguém pode ser estimulante e relaxante. Por isso, para aqueles que gostam de se aventurar com essa nova moda, saiba que eles podem colaborar com o bem-estar do indivíduo e com o desenvolvimento da concentração, deixando a pessoa fixada na realização da tarefa. “Se a atividade é prazerosa, você sentirá estímulo e liberação de endorfinas, assim como a estimulação da amígdala cerebelosa, que é um importante centro de controle de nossas emoções”, explica.
A destreza manual, as funções visuais, viso-espaciais e executivas, como a escolha de cores e a ordem em que o desenho será pintado são alguns dos estímulos cerebrais ativados com a pintura. A estimulação da criatividade dependerá de como cada um desenvolve o ato de colorir. O tipo de desenho, na verdade, não determinará o efeito relaxante, mas se o detalhamento das imagens for maior, será exigida mais atenção, destreza manual e percepção visual de quem está pintando.
Para quem sofre de estresse agudo e crônico, essas publicações podem ser um complemento interessante para lidar com o dia-a-dia. Levando em conta que o efeito antiestresse dos livros é relativo, a Dra. Sônia afirma que “os livros de colorir podem ser utilizados em conjunto com as terapias, aproveitados de acordo com a necessidade e preferência do paciente, mas não são substitutos de outras terapias realizadas com profissionais habilitados”, considera.
Assim como qualquer outra atividade, devem ser administrados com moderação, para não se tornar uma espécie de “fuga” da realidade, o que pode ser prejudicial. Por mais que se torne um momento particular, de concentração e uma forma de desligar-se do mundo exterior, é válido lembrar que eles não eliminarão os problemas; no máximo, podem amenizar seus efeitos. A pintura, que não é mais um hobby exclusivo das crianças, pode ser uma atividade lúdica e divertida, tornando-se uma aliada para lidar com a rotina estressante e caótica.