Se os números da redução na produção de grãos em razão da estiagem já eram expressivos, o impacto na economia impressiona. Estudo da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) aponta que as perdas devem alcançar R$ 36,2 bilhões. O valor refere-se a soma dos prejuízos na agropecuária e nos segmentos relacionados à atividade (seja antes ou depois da produção). São quantias que deixarão de circular no campo e fora dele. O prejuízo nos demais setores será maior do que no agro, respondendo por 71% do total estimado.
— Geramos impactos para trás, em quem fornece ao agro, e para frente, que é aquele que compra da agricultura. Há efeito nos serviços e nos impostos. Por isso o impacto é menor no setor do que nos demais. Produtor capitalizado fica mais disposto a investir. A tendência, com a perda na produção, é de que isso não ocorra — explica Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
Para a agropecuária, os problemas econômicos do encolhimento de 8,13 milhões de toneladas na safra de 2020, são mais representativos do que os da pandemia. Porque as atividades, consideradas essenciais, se mantiveram durante todo o período de isolamento.
— Realmente, o problema da safra, da colheita em função da estiagem trouxe números desabonadores para para o setor — reforçou o presidente da entidade, Gedeão Pereira.
Os resultados positivos da safra, contabilizados no arroz e projetados para o trigo, ajudarão a suavizar esse cenário, mas não a ponto suficiente de alterar o quadro final. Reflexo da representatividade que tem a soja, com recudo de 39% sobre o ciclo passado, segundo o IBGE — e que ainda deve ser revisado.
— Evidente que, pela grandeza dos números, o que pode melhorar é menor do que o que piorou — compara Luz.
A valorização dos preços das commodities em reais, diante de um dólar alto, ajudou a amortecer um tombo que poderia ser ainda maior quando se compara 2020 com 2019. Ao mesmo tempo, deixa ainda mais difícil de digerir a rentabilidade consumida pelo tempo seco:
— Não tem como não considerar o que se deixou de ganhar, porque se plantou isso. Se o clima fosse o normal, o produtor teria colhido e vendido a esses preços valorizados pelo câmbio — observa Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.