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Evento sobre envelhecimento debate quando se deve parar de dirigir

Foi realizado, nesta quinta-feira (23), o 6º Nuitran Debates – Envelhecimento e Mobilidade Humana: estamos preparados?, promovido pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Trânsito, coordenado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Com o envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida, a questão sobre quando se deve parar de dirigir tem ganhado destaque, e o encontro foi promovido para discuti-la.

Ao mesmo tempo em que é preciso avaliar as condições físicas e mentais para a direção com segurança, estudos recentes apontam importantes declínios sociais, cognitivos e funcionais para quem é impedido de dirigir de forma precoce, aumentando o risco de depressão e mortalidade.

O psicólogo especialista em Psicologia do Trânsito Paulo Santos Filho destacou que a idade não pode ser um critério para responder a essa pergunta. “A avaliação passa por uma série de fatores que independem da idade. Hoje temos seis centenários com Carteira Nacional de Habitação válida no Rio Grande do Sul, pressupondo que atendem a todos os requisitos não só para conduzir, mas para fazê-lo com segurança para si e para os outros”, explica Santos Filho, que coordena a área de exames de aptidão física e mental para fins de habilitação do DetranRS.

O envelhecimento traz um declínio de habilidades fundamentais para dirigir, mas não só idosos são afetados. Um acidente ou uma doença podem afastar temporária ou permanentemente uma pessoa jovem. A hora de qualquer pessoa parar é, por isso, quando não houver mais aptidão física e mental para a condução segura.

A parte física envolve aptidão motora, de mobilidade e sensorial auditiva e visual; capacidade cardiorrespiratória e neurológica; e ausência de doenças que debilitem o organismo. Em termos de aptidão mental, de modo geral, deve-se avaliar atenção, memória, juízo crítico, orientação e equilíbrio emocional.

Avaliação criteriosa

Mas a hora de parar de dirigir é um momento bastante delicado, já que a direção veicular tem uma relevância importante para o idoso que passou muitos anos dirigindo, afetando seus hábitos de deslocamento com veículo individual.

“Perder a carteira não é só perder um papel, é perder uma condição – muitas vezes, a própria independência. Essa autonomia permite um vínculo social mais frequente com família, amigos e comunidade”, analisa Santos Filho. “A habilitação não deixa de ser um símbolo de funcionalidade na nossa sociedade. Representa estar ativo e ajuda com a autoestima e com a manutenção de atividade habituais, além de exercitar o cérebro.”

Para ressaltar a importância da avaliação, a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego lançou, em março, uma diretriz direcionada aos médicos que fazem a avaliação para a Carteira Nacional de Habitação (CNH). A normativa aponta que, quando se retira a CNH precocemente de um idoso, os prejuízos podem ser imensos: estudos evidenciam importantes declínios sociais, cognitivos e funcionais para motoristas em idade avançada que pararam de conduzir veículos, com risco aumentado de depressão, admissão em casas de repouso e mortalidade. “Esse marco sinaliza que o fim está mais próximo”, explica o psicólogo. “Por isso, a decisão de parar de dirigir deve ser feita com muito critério, pois se acontecer no momento errado, pode trazer grandes prejuízos.”

Embora a decisão final seja do médico perito, a própria pessoa e seus familiares também podem observar as habilidades do idoso para dirigir. É possível adotar estratégias para reduzir riscos, como dirigir mais devagar, conduzir acompanhado, não realizar a atividade à noite ou em vias de trânsito rápido e fazer trajetos curtos e conhecidos.

Pode acontecer também da família observar uma mudança na condição de saúde do idoso ao longo da validade da CNH ou a omissão de informações ao médico perito. Nesses casos, o idoso estará portando uma CNH válida, mas com a possibilidade de não apresentar aptidão física ou mental para dirigir. A família pode, nessas situações, encaminhar uma comunicação ao DetranRS de suspeita de incapacidade, embasada por um laudo médico no qual constem informações clínicas que indiquem possíveis incompatibilidades com a direção veicular segura.

Com base nas informações, a autarquia pode instaurar uma medida administrativa para recolhimento da CNH e reavaliação do condutor. Nessa reavaliação o médico perito terá conhecimento do conteúdo do laudo e poderá fazer uma investigação mais aprofundada do caso.

O procedimento pode ser feito através de um Centro de Formação de Condutores ou dos canais de atendimento da autarquia disponíveis no site do Detran.

Transformação das cidades

No segundo momento do debate, a agente de fiscalização de trânsito da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Luciane Farias Pereira, falou sobre a mobilidade de pessoas idosas na condição de pedestres, ciclistas e usuários de transporte coletivo. Luciane coordena o programa Pedestre Idoso da Escola Pública de Trânsito da EPTC, em Porto Alegre, e apresentou os diferentes desafios enfrentados nesse outro modelo de mobilidade das pessoas na terceira idade.

Os debates mostraram que as questões estão entrelaçadas, na medida em que, se a cultura privilegiar o automóvel e a mobilidade individual e as cidades não promoverem formas de deslocamento que incluam os idosos, o impacto de parar de dirigir será maior.

Isso quer dizer que, se o transporte público, o caminhar e o deslocar-se pela cidade for mais confortável para esse público, o impacto de perder a CNH não será tão importante. Foi defendido que é necessário pensar em soluções coletivas também para esse problema.

O debate completo pode ser acessado no canal do DetranRS no YouTube.

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