A ausência de chuva no Rio Grande do Sul tem causado grandes prejuízos à cultura da soja no Alto Uruguai. A irregularidade das chuvas e a onda de calor impactaram diretamente as lavouras, resultando em perdas de produtividade entre 30% e 70%. Em alguns casos, não houve sequer formação do grão. Até o momento, 12 dos 32 municípios da região já relatam problemas significativos na safra 2024-2025.
Situação Crítica no Campo
O produtor Valdecir Vedovatto, de Campinas do Sul, cultiva 57 hectares de soja e previa uma média de 70 sacas por hectare. No entanto, com chuvas escassas nos últimos dias, acumulando apenas 10 milímetros, a situação é preocupante. “Atualmente, é difícil fazer estimativas. A quebra gira entre 50% e 60%. Em algumas áreas, os grãos estão menores e mais leves. Onde o solo é mais pedregoso, não haverá produção”, relata. Ele ainda destaca que todos os tratos culturais já foram realizados, restando apenas a colheita. “Se não chover logo, as perdas serão ainda maiores”, alerta.
Impacto em Campinas do Sul
Carlos Carraro, técnico da Emater no município, afirma que, nos últimos meses, as chuvas foram esparsas e insuficientes. “Em comunidades como Linha São Paulo e Crioula, as perdas chegam a 60% e 70%, pois houve um período de 29 dias sem precipitação significativa”, explica.
Além da soja, a seca também inviabiliza a segunda safra de feijão e o plantio de pastagens. Para minimizar os impactos, a prefeitura tem investido na abertura de reservatórios para a dessedentacão animal. Apesar das dificuldades, o abastecimento de água para consumo humano segue garantido pelos poços artesianos profundos.
Perdas Regionais
O engenheiro agrônomo Luiz Ângelo Poletto, da Emater/RS-Ascar de Erechim, destaca que as perdas na soja já são expressivas. “No início da safra, houve dificuldades na germinação, necessitando replantio em algumas áreas. Agora, a falta de chuvas na fase de maturação agrava ainda mais a situação”, explica. Em dezembro e janeiro, o déficit hídrico chegou a 70 milímetros por mês, comprometendo a produção.
Os municípios mais afetados incluem Áurea (30% de quebra), Benjamin Constant do Sul (50%), Campinas do Sul (30%), Charrua (40%), Entre Rios do Sul (40%), Erebango (30%), Erval Grande (30%), Estação (30%), Floriano Peixoto (30%), Ipiranga (30%), Marcelino Ramos (30%) e Sertão (30%). A expectativa era de uma produtividade média de 60 sacas por hectare, mas, com a quebra de 30%, a produção cairá para cerca de 40 sacas por hectare, representando perdas financeiras de aproximadamente R$ 700 milhões.
Os Maiores Produtores Impactados
Sertão, maior produtor de soja da região, com 31 mil hectares cultivados, terá significativa quebra de produtividade. Quatro Irmãos, com 17.400 hectares, ainda não registrou perdas expressivas, enquanto Campinas do Sul, terceiro maior produtor, com 16.200 hectares, enfrenta redução de 30% na produtividade.
Com previsões climáticas incertas, os produtores seguem apreensivos e aguardam chuvas para tentar minimizar as perdas e salvar parte da safra.