Pe. Sérgio Lucas Câmara, presbítero da Arquidiocese de São Paulo, Mestre em Teologia Pastoral e Doutor em Psicologia Clínica, ministrou o curso anual de atualização para padres e diáconos permanentes da Diocese de Erechim durante a segunda e terça-feira, dias 22 e 23 de julho, no Auditório São José, sobre a saúde integral dos mesmos.

Com sua ampla qualificação acadêmica e vivência ministerial eclesial, Pe. Sérgio começou pela definição de saúde integral em formulações sucessivas até a que passou a incluir a dimensão da espiritualidade. Saúde, então, é “estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual e não apenas a ausência de doença”. São 4 dimensões, biológica, psicológica, social e espiritual.

Pe. Sérgio relacionou este conceito de saúde com a realidade da vida dos ministros ordenados, citando o Plano de Emergência para a Igreja no Brasil, de 1963, a partir do Concílio Ecumênico Vaticano II. O Plano acentuava dois aspectos fundamentais: a renovação da Paróquia e a renovação do clero. Neste, descrevia características diversas de padres.

Há paróquias com pouca estrutura para oferecer aos padres suporte físico e mental, o que aumenta os riscos de adoecimento físico e psíquico. Em qualquer situação, há a necessidade de permanente autocuidado e de um cuidar do outro, de cada um reconhecer-se humano e cultivar forte referencial espiritual. Quando sentir falha nele e que as coisas fogem do seu controle, perguntar-se como está levando a vida e o ministério e buscar ajuda.

O assessor abordou também vários transtornos de personalidade, como os de depressão, os problemas envolvendo questões financeiras, adoecimento mental e outras. Tratou ainda de distúrbios ligados à sexualidade, psíquicos, como pedofilia, o exibicionismo e outros.

Dados biográficos do assessor

Pe. Sérgio nasceu no dia 15 de setembro de 1967, em Natal, RN. Foi ordenado diácono no dia 06 de dezembro de 1998 e presbítero no dia 12 de dezembro de 1999.

Possui graduação em Secretariado Executivo (Faculdade para Executivos, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 1989), Teologia (Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, SP – 1999) e Psicologia (Universidade São Marcos – 2011); mestrado em Teologia Pastoral (UNIFAI – Centro Universitário Assunção, 2003), mestrado em Psicologia Clínica (PUC – SP) e doutorado em Psicologia Clínica (PUC – Pontifícia Universidade católica, SP), aprimoramento clínico em Psicoterapia para pessoas enlutadas. Experiência profissional em atividades administrativas (Banco América do Sul, Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte) e psicoterapia no Nêmeton – Centro de Estudos e Pesquisa em Psicologia Hospitalar, de 2012 a 2020.

Atuou e atua como Pároco na Arquidiocese de São Paulo, como professor de Teologia Pastoral na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção (de 2005 a 2008). Contratado pela PUC-SP desde 2019 como professor de Teologia, onde tem lecionado as disciplinas de Teologia Pastoral Fundamental, Pastoral Catequética, Pastoral dos Sacramentos da Iniciação Cristã e Psicologia Pastoral e como professor convidado no Curso de Pós-Graduação Ações Terapêuticas para Situações de Luto (2021-2022).

É autor de alguns livros e de diversos artigos em revistas especializadas.

Mais de 100 leigos e leigas das Paróquias da Diocese de Erechim participaram de encontro de formação na última segunda-feira (22), no Auditório São José, refletindo sobre o luto. O encontro foi ministrado pelo Pe. Sérgio Lucas Câmara, da Arquidiocese de São Paulo, assessor do curso anual dos padres e diáconos.

Ele desenvolveu a temática “A espiritualidade como ação terapêutica no luto antecipatório”, aprofundando aspectos e diferentes formas de luto. Entre elas, a normal, quando se consegue lidar com a perda como parte integrante da vida; a complicada, quando a pessoa precisa de ajuda para compreender e acolher a situação; no caso, algumas pessoas podem precisar de medicação; antecipatório: quando se inicia a vivenciar o sofrimento antes da perda; adiado, é a de quem não vive o luto quando da perda, tentando fazer-se forte e desconsiderando-a.

Pe. Sérgio observou que se tem dificuldades de lidar com a morte. Ela expõe a impotência humana. Quando acontece, há necessidade fundamental da fé, da busca do sagrado. Sugeriu, na experiência dessa realidade, buscar acompanhamento de pessoa não ligada afetivamente, fora do círculo familiar.

Ele enfatizou que o papel do religioso, da comunidade, do sacerdote é o de acolher os sentimentos mais variados nessas situações, evitando qualquer julgamento ou restrição. Para a pessoa enlutada, todo o gesto respeitoso, delicado, mesmo com a desligada do vínculo religioso, torna-se sagrado. Destacou a importância dos ritos fúnebres, pois dão força e consolo aos enlutados.