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Pesquisa analisa teoria e prática da educação do campo em escola de Aratiba

Estudo desenvolvido no Mestrado Profissional em Educação da UFFS observou a educação formal e não-formal a partir da realidade da Escola Municipal de Ensino Fundamental São Roque.

Analisar o impacto da Educação do Campo em uma comunidade do interior do Rio Grande do Sul: esse foi um dos objetivos da dissertação de mestrado de Raquel Ferron Lassig. Ao longo de dois anos, a acadêmica da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim dirigiu seu olhar para Pio X, na região rural de Aratiba. O resultado é uma investigação sobre os conceitos de educação formal e não-formal a partir da realidade de educadores, alunos e familiares da Escola Municipal de Ensino Fundamental São Roque.

Como etapa para a conclusão do Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação (PPGPE), Raquel também teve que apresentar um produto de sua pesquisa. Ela produziu um vídeo em que estão compiladas imagens e também depoimentos dos moradores de Pio X. O resultado pode ser visto em https://youtu.be/COM9SCinZaA.

A acadêmica destaca que pensou na produção do vídeo logo que definiu o título de sua pesquisa: “Quando a escola é a vida”. Ela defende que o formato apresenta “como o mundo se expressa por meio de vozes e estilos próprios”.

– Eu queria que os sujeitos observados no estudo fossem vistos e lembrados. Que eles participassem de forma ativa da minha dissertação, porque sei que muitos sequer conseguirão ler cinco de todas as páginas do trabalho. É um projeto de dois anos da minha vida, que teve a intenção de servir à academia, e principalmente aos sujeitos do campo. Para mim é imprescindível que eles façam parte do mundo acadêmico, que sejam atuantes e vinculados em qualquer espaço – destaca a agora mestra.

Raquel fez o mestrado enquanto ela própria cursava a graduação Interdisciplinar em Educação do Campo: Ciências da Natureza, também na UFFS – Campus Erechim. Logo, é apaixonada pela área.

– Fui motivada pelas minhas origens, além da realidade de muitos alunos e famílias que vivem da agricultura familiar. Valorizar o povo do campo é motivo de muito orgulho para mim. Creio que utilizar em sala de aula conhecimentos e saberes do povo do campo é um elo importante para a aprendizagem de cada aluno. Ao longo dos anos se perdeu a bagagem cultural desse povo – reflete ela, que também é pedagoga.

Muitos dos sujeitos envolvidos no estudo são pessoas que não tiveram a oportunidade de frequentar a escola, mas que possuem saberes: saberes não formais. Tais experiências constroem e reconstroem o ambiente escolar dos alunos. Sobre o processo da pesquisa, Raquel diz que mergulhou de corpo e alma no projeto, criando vínculos que jamais serão esquecidos.

– Inicialmente, realizei a pesquisa bibliográfica sobre os principais conceitos, como educação formal e informal, educação popular, educação no campo, gestão escolar, políticas públicas, entre outros. Depois, a ideia foi trabalhar com o conceito de Projeto Político Pedagógico, mostrando como esse documento está elaborado na escola e como ele pode ser melhorado de acordo com o que se preconiza na ideia de educação do campo. Houve também a pesquisa com os atores do processo analisado, através das entrevistas.

Raquel aponta que se deparou com uma realidade completamente distinta do padrão de educação, preconizado pelos modelos pedagógicos instituídos. Segundo a acadêmica, ainda é possível ver um distanciamento muito grande entre a teoria da educação do campo, que traz pressupostos bastante relevantes e pertinentes, e a realidade, que enfrenta imensas dificuldades de ordem burocrática e institucional.

– Realizar a pesquisa em uma escola situada na zona rural de um pequeno município no Norte do Rio Grande do Sul nos faz refletir sobre como essa realidade é única, peculiar e repleta de especificidades que lhe são pertinentes. Essas características próprias vão desde a localização, o tipo de povoamento, as características geofísicas, o resultado da miscigenação que provém das diversas etnias que acabaram ocupando a região de Aratiba. É preciso pensar na construção de uma educação emancipadora, que permita aos alunos libertar-se do sistema de opressão que existe em relação às populações do campo – reconhecido especialmente na precarização do acesso ao ensino formal. Por isso, é necessário que a educação do campo agregue valores com embasamento teórico, prático e existencial – finaliza Raquel.

SourceAssecom
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