A possível volta das bandeiras vermelhas ao Estado e o consequente fechamento do comércio em razão do agravamento da situação da covid-19 no Rio Grande do Sul causa apreensão a lideranças políticas e econômicas. Em tom de preocupação, o governo gaúcho apresentou nesta quarta-feira (10) a representantes de diferentes poderes, empresários e líderes da sociedade civil a piora no quadro do Estado em meio à pandemia do coronavírus.
O alerta veio após as flexibilizações permitidas pelo sistema de distanciamento controlado estabelecido pelo governo Eduardo Leite, que entrou na quinta semana. Nas últimas 24 horas, foram registrados 840 novos casos e 14 mortes, segundo balanço atualizado às 16h20min pela Secretaria Estadual de Saúde. Como foram excluídos 23 casos por duplicidade, a diferença entre a terça (9) e a quarta-feira é de 817 ocorrências.
No balanço divulgado às 19h desta quarta-feira pelo Ministério da Saúde, o Rio Grande do Sul é o 15º entre os 27 Estados, com 316 mortes e 13.619 casos. Os internados em leitos de UTI com diagnóstico confirmado de covid-19 passaram de 153 para 171 (11,8%), na comparação entre a última sexta-feira (5) e a semana anterior, e nesta quarta estava em 216, uma alta de 26,3%. Já as internações em leitos clínicos com a doença aumentaram 8,2% (207 para 224) na semana passada, e agora estão em 260 (16% a mais).
— Não foi dito isto na reunião expressamente , mas ficou claro que a tendência é que haja reversão nas flexibilizações caso as infecções continuem se acelerando — afirma Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS e um dos participantes da reunião.
O receio do empresário é que o comércio seja responsabilizado por um aumento nos casos “mesmo tomando todas precauções estabelecidas” por governo do Estado e prefeituras.
— O comércio tem tido todo cuidado para seguir os protocolos de segurança, mas é evidente que a reabertura leva mais gente a circular pelas ruas. O que precisaria é evitar os fatores de risco aos quais as pessoas se expõem nestes deslocamentos — afirma Bohn. — Voltar a fechar o comércio seria péssimo.
Presidente da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Ernani Polo (PP) tem visão parecida. Avalia que os principais fatores de risco têm se revelado em ambientes abertos e em contatos entre pessoas conhecidas, com aglomeração em parques, praças ou reuniões familiares:
— É preciso que o cuidado individual seja maior. O Estado pode até apresentar um regramento mais rigoroso de distanciamento social, mas, se as pessoas não cumprirem, continuarem se encontrando sem máscaras, sem respeitar a distância mínima, todo rigor será à toa e ainda penalizará a economia.